Sobe o número de estrangeiros trabalhando ilegalmente na Coreia
Escassez de mão de obra eleva os registros de estrangeiros trabalhando ilegalmente no setor de entregas na Coreia do Sul
Ministério da Justiça divulgou dados que atestam o crescimento de estrangeiros trabalhando ilegalmente na Coreia do Sul, o setor de entregas ganhou destaque pela diversidade de nacionalidades de estrangeiros que atuam na área, grande parte de países mais pobres da Ásia que vão ao país em busca de melhores condições de vida e estudantes que buscam atividades que possam gerar renda. Especialistas do trabalho na área de defesa do imigrante solicitam regulamentações mais rigorosas e oportunidades de emprego para estrangeiros.
Segundo os dados fornecidos pelo ministério, cerca de 177 estrangeiros foram pegos trabalhando ilegalmente no setor de entregas, um aumento de cerca de 51,3% em relação a 2023. A falta de interesse dos coreanos e residentes legais no país em trabalhos de baixa remuneração são parte do problema, pois gera escassez de mão de obra no setor, o que permite que os empregadores busquem funcionários fora dos meios legais como imigrantes sem documentação e pessoas com vistos de estudantes.
Riscos para os estrangeiros trabalhando ilegalmente
O trabalho ilegal, ou seja, estrangeiros atuando no mercado de trabalho com visto que não autoriza a atividade, podem enfrentar desde deportação imediata e até três anos de prisão no país. A lei coreana de controle de imigração também prevê uma multa de até 30 milhões de wons (cerca de 120 mil reais) para aqueles em atividades irregulares. No país, a lei só permite a atuação no mercado de trabalho para estrangeiros que possuem os vistos F-2, F-5 ou F-6.
Em 2023, o Ministério da Justiça da Coreia do Sul identificou 117 casos confirmados de trabalho ilegal na área de serviços de entrega. Entre as nacionalidades, grande parte dos estrangeiros trabalhando ilegalmente vinham do Vietnã, localizado no sudeste da Ásia, com um total de 94 cidadãos, cerca de 80% dos trabalhadores ilegais no setor. Já em 2024, entre os 177 casos identificados, 53 eram do Uzbequistão, localizado na Ásia central, e cerca de 85 do Vietnã. Também foram identificados, em menor número, trabalhadores ilegais vindos da Malásia, localizada no sudeste da Ásia, e do Paquistão, localizado na Ásia Meridional.
No caso de estudantes flagrados trabalhando ilegalmente, a multa pode chegar de dois a cinco milhões de wons (entre 8 a 20 mil reais). O Escritório de Imigração de Gwangju, cidade localizada no sudoeste da Coreia, flagrou, em 27 de setembro de 2024, 48 estudantes internacionais atuando ilegalmente como entregadores na cidade. Grande parte desses estudantes vinham do Vietnã e possuíam os vistos D-2 ou D-10, que não permitem a atuação no mercado de trabalho.
Respostas a demanda de emprego e segurança no trabalho
A preocupação se estende à segurança dos trabalhadores ilegais que não seguem as normas de segurança e não possuem nenhuma proteção diante de acidentes. Em 2020, de acordo com a Agência de Segurança e Saúde Ocupacional do país, cerca de nove trabalhadores que atuavam no setor de entrega e serviços de encomenda faleceram por conta do excesso de trabalho que chegava à rotina de 12 horas seguidas.
Para conter os empregos ilegais e suprir a demanda de mão de obra no país, a Coreia está investindo na captação de estudantes internacionais com interesse em trabalhar e residir no país após concluir os estudos. Com o auxílio dos ministérios da educação e justiça, o governo coreano está disponibilizando bolsas de estudos, vagas de emprego nas empresas locais com carga horária condizente ao tempo disponível dos estudantes e redução da burocracia para vistos. A intenção é criar mão de obra qualificada e garantir a segurança dos estrangeiros, além de reduzir a queda populacional nas áreas mais afastadas de Seul.
Foto Destaque: Rua de empreendimentos da Coreia do Sul. Reprodução/Chung Sung-Jun/Getty Images