Show do cantor Psy é um dos eventos com mais ocorrências de revenda ilegal
O show ‘Summer Swag’ do cantor sul-coreano Psy registrou o maior número de incidentes com cambistas ilegais, segundo dados da KOCCA
No domingo, 6 de outubro, a deputada Kang Yoo Jung, do Partido Democrático da Coreia do Sul, tornou públicos os resultados de uma pesquisa realizada pela Agência de Conteúdo Criativo da Coreia (KOCCA). O estudo mostrou que o show “Summer Swag”, do cantor Psy, liderou em número de ingressos falsificados. Além disso, a pesquisa revelou que, entre novembro do ano passado e o final de julho de 2024, mais de 3.000 denúncias de revenda ilegal de ingressos online foram registradas na Coreia do Sul pela KOCCA.
Ainda que o número total já seja alarmante, essas não são as únicas informações publicadas pela pesquisa, que comprovam um problema que os consumidores sul coreanos já sentiam nos últimos anos. Do total de 3.400 ocorrências, aproximadamente 75% estão diretamente relacionadas a eventos de música, como o show ‘Summer Swag’ de Psy, o que torna esse setor o campeão em ocorrências. Em segundo lugar, aparecem as convenções de fãs e festivais, que foram responsáveis pelo total de 519 incidentes, já eventos de jogos apresentaram 200 episódios e peças musicais vêm no último lugar com 125 ocorrências.
Esses dados foram colhidos, e posteriormente divulgados pela KOCCA, a partir de um sistema de relatórios online para revenda de ingressos, onde a agência analisa a veracidade dos ingressos revendidos. Para que um ingresso seja avaliado, é preciso fornecer informações específicas, como número de assento e códigos de reserva. Os relatórios avaliados são então compartilhados com plataformas de venda de ingressos, que podem tanto solicitar explicações dos detentores ou iniciar cancelamentos de ingressos, caso seja identificada uma falsificação ou informação incorreta.
Segundo os registros da agência, publicados pelo portal The Korea Times, a maioria dos ingressos revendidos ilegalmente foi negociada em plataformas de terceiros, como Danggeun Market e Joonggo Nara. Redes sociais, como X, Facebook e Instagram, também são relatadas nos casos, mas em menor quantidade, elas representaram somente 626 das denúncias. Esses números demonstram a necessidade urgente de avaliar as medidas atualmente em prática na Coreia do Sul para repelir casos similares nos próximos anos. Preocupação que já está levando a discussões na esfera pública e privada do que precisa ser alterado para garantir mais segurança a consumidores.
Dados coletados da KOCCA
Além disso, de novembro do último ano a julho de 2024, a KOCCA, órgão responsável por lidar com esse tipo de caso, respondeu ao total de 109 denúncias. Durante esse período, a KOCCA trabalhou realizando verificações meticulosas de identidade e também suspendendo contas suspeitas após análises. Entre essas buscas, mais de quarenta ingressos foram identificados como falsos pela Agência, seja por meio de reservas não verdadeiras ou via números de assentos inexistentes no local, relata a pesquisa divulgada no The Korea Times.
Outro destaque entre os dados é a descoberta de que, de todas as ações válidas tomadas pela Agência, o famoso show de verão ‘Summer Swag’ do Psy foi quem teve o maior número de ocorrências do tipo registradas. Com quinze incidentes especificamente, o show de verão deixou para trás outros eventos de destaque na Coreia do Sul, como o Último Concerto de 2024 de Na Hoon A, que teve apenas quatro casos identificados, e o Concerto de 20º Aniversário de Younha com três casos registrados (via The Korea Times). Considerando a relevância e popularidade dos concertos de Psy no verão, é possível que isso tenha influenciado as atividades dos cambistas.
Ao fim, tais resultados fizeram a deputada Kang mais uma vez enfatizar em falas públicas a necessidade urgente de penalidades mais severas para impedir e repelir a crescente venda ilegal de ingressos, que vem acontecendo. Na visão dela, a situação precisa ser revista com cuidado e o quanto antes, tanto ao nível de penalidades quanto de implementações técnicas e logísticas, que possam colaborar na inibição de casos: “Precisamos de sanções mais fortes, incluindo penalidades que excedam os lucros potenciais do cambismo”, declarou a deputada (via The Korea Times).
A fala da deputada não é novidade, a revenda de ingressos tem se tornado popular em vários setores de entretenimento na Coreia e com ela tem trazido desafios para a segurança dos consumidores. No ano passado, de acordo com o veículo The Korea Times, os ingressos para uma partida concorrida de beisebol foram negociados pelo triplo do valor original online. Essa tendência crescente traz grande preocupação para legisladores como a deputada Kang Yoo Jung, que vêm discutindo a melhor forma de inibir práticas abusivas e assegurar mais consumidores.
Embora o Public Performance Act, medida criada pelo governo coreano para punir ações similares, já esteja em vigor desde março, sua eficácia tem sido questionada, pois só pune vendas de ingressos conduzidas em casos específicos. Em resposta, o Ministério da Cultura, Esportes e Turismo afirma estar buscando outra alternativa para proibir o superfaturamento de revendas de ingressos em outros casos não cobertos pelo Public Performance Act.
Para quem nunca ouviu falar, o ‘Summer Swag’ é um tipo de show realizado pelo cantor Psy, desde 2011, muito popular na Coreia do Sul nas altas temperaturas do verão. Apesar de esse tipo de evento sempre ter sido criticado por seu famoso desperdício de água por uma parcela da população coreana, a maioria do público gostava da proposta, a ponto de Psy seguir realizando eventos semelhantes desde então. No entanto, nos últimos anos, o cantor tem sofrido exponencialmente com críticas por conta desse desperdício, já tendo relatado em entrevistas que usa em média 300 toneladas de água potável em cada show do tipo, o que revolta a população especialmente nos períodos de grande falta d’água.
Foto Destaque: Material promocional da turnê ‘Summer Swag’ do Psy de 2024. Reprodução/Divulgação/ Allkpop