Coreia enfrenta onda de demissão voluntária de professores
Professores da educação infantil que abandonam voluntariamente seus cargos dobrou nos últimos três anos na Coreia do Sul
Na última quarta-feira (09), segundo dados divulgados pelo Ministério da Educação da Coreia, cresceu o número de professores que abandonaram voluntariamente suas atividades em sala de aula. As substituições decorrentes da desistências de professores duplicou nos últimos três anos. A justificativa para o abandono é recorrente, os docentes afirmam sofrer de depressão e doenças relacionadas à saúde mental devido ao assédio de pais e tutores de seus alunos. Em 2023, professores de educação infantil foram às ruas manifestar sua insatisfação sobre os assédios psicológicos sofridos durante suas atividades.
Em 2020, cerca de 54 pessoas abandonaram voluntariamente seus cargos em sala de aula. No ano seguinte, em 2021, aproximadamente 90 pessoas desistiram de lecionar. Já em 2022, 118 pessoas deixaram seus empregos na educação. No ano passado, em 2023, um total de 124 pessoas deixaram a docência. Em 2024, até o mês de julho, já foram contabilizados 55 professores que precisaram ser substituídos devido às demissões voluntárias.
Abandono é motivado por assédio moral e psicológico
Professores afastados a pedidos dos pais ou responsáveis também subiu de 17 pessoas, em 2020, para 79 pessoas em 2023. Ao todo, 203 professores precisaram ser substituídos devido a abandono voluntário ou por exigência dos responsáveis legais dos alunos. Em 2020, as substituições de professores não se aproximavam dos 100, cerca de 70 professores no total. Grande parte dos abandonos voluntários aconteceram na educação primária com 61%, ensino fundamental atingiu 18%, ensino médio chegou a 21%.
Os pais se apoiam em uma na lei de bem-estar infantil coreana, aprovada em 2014, que determina que os docentes acusados de abuso infantil sejam imediatamente afastados de suas funções. Os tutores intimidam os professores com ameaças de denúncias de abuso infantil caso repreendam seus filhos em sala de aula. As organizações de professores responsabilizam as violações dos direitos dos professores como principal motivação para os abandonos da docência, além da carga horária elevada e baixa remuneração.
Riscos a saúde mental dos docentes
Em junho de 2023, uma professora tirou sua vida dentro da escola onde trabalhava, seu falecimento motivou milhares de professores de ensino fundamental a irem às ruas de Seul para exigir o cumprimento de seus direitos. Os professores acusam os pais de abuso moral e psicológico, eles afirmam que os tutores entram em contato fora do horário de aula para deferir acusações e ameaças. Na maioria dos casos, apenas por repreender um aluno em sala de aula já é motivo suficiente para um professor ser intimidado pelos pais.
Foto Destaque: Sala de aula vazia. Reprodução/Kohji Asakawa