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Coreia do Sul deve repensar política de imigração

Especialistas destacam a necessidade de a Coreia do Sul promover a integração cultural e social dos imigrantes, indo além da oferta de mão de obra

A Coreia do Sul precisa repensar sua política de imigração, deixando de tratar os imigrantes apenas como solução para a falta de mão de obra, afirmaram especialistas durante um fórum em Seul na semana passada. Eles enfatizaram a necessidade de uma abordagem mais abrangente, que considere a integração cultural, social e legal dos imigrantes.

Moon Jae-wan, presidente da Associação de Direito de Migração da Coreia, destacou que limitar a imigração a uma solução econômica é um erro. “Precisamos reconhecer os imigrantes como membros plenos da sociedade, que contribuem não apenas para a economia, mas também para a cultura e o convívio social”, afirmou Moon durante o evento.

Ele criticou a tendência de enxergar os trabalhadores estrangeiros apenas como uma resposta às dificuldades demográficas do país, lembrando que essa visão ignora o valor social que os imigrantes podem agregar à nação. Segundo Moon, o debate sobre imigração deve abranger a diversidade cultural e a criação de novas normas legais que promovam a inclusão.


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Kim Hyun-mee, professora da Universidade Yonsei, no fórum sobre Política de Imigração e Ordem Legal em Seul, nesta quinta-feira. (Lee Jaeeun/The Korea Herald)

Outro ponto de vista foi trazido por Lee Chang-won, pesquisador do Centro de Pesquisa e Treinamento em Migração. Ele ressaltou que as políticas atuais são limitadas, focando principalmente em vistos de trabalho temporários. “É necessário criar caminhos para a cidadania e uma participação social mais ampla“, disse Lee. Ele também destacou que cerca de 85% dos vistos de trabalho emitidos são para empregos pouco qualificados e com contratos de curto prazo, o que impede a integração a longo prazo.

A professora de antropologia cultural da Universidade Yonsei, Kim Hyun-mee, chamou atenção para a disparidade entre as leis sul-coreanas e sua aplicação prática. Apesar de a Coreia ter adotado oficialmente uma abordagem multicultural desde 2006, Kim criticou a sociedade por ainda seguir um modelo de assimilação, que espera que os imigrantes adotem rapidamente a cultura coreana sem promover uma troca mútua. Kim defendeu um modelo de “integração justa”, onde tanto imigrantes quanto cidadãos locais influenciam e aprendem uns com os outros. Ela ainda sugeriu a criação de mais iniciativas de base lideradas por imigrantes, que incentivem o intercâmbio cultural e o envolvimento cívico.

No mesmo evento, a advogada Kim Jin, do centro de direito público Duroo, pediu a criação de uma legislação unificada para tratar de maneira consistente as questões de imigração. Kim destacou a necessidade de um órgão central responsável pelas políticas migratórias, uma vez que o atual sistema fragmentado dificulta a resolução de questões complexas. Os especialistas concordam que uma política de imigração eficaz precisa ir além da oferta de mão de obra e incluir caminhos claros para a residência permanente e a cidadania, integrando imigrantes de forma completa à sociedade sul-coreana.

Foto destaque: Aeroporto internacional de Incheon na Coreia do Sul. Reprodução/Divulgação: Agada

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