“Rainha das Lágrimas” gera críticas positivas ao desafiar o patriarcado em k-drama
Drama da tvN “Rainha das Lágrimas” inverte os papéis tradicionais de gênero e provoca reações entusiasmadas nas redes sociais
O drama “Rainha das Lágrimas” da tvN está gerando uma grande resposta positiva nas redes sociais ocidentais e na Indonésia, devido à sua nova abordagem de mostrar genros preparando comida ritual ancestral. Função que é tradicionalmente uma responsabilidade das noras na Coreia. Essa mudança no enredo da série, onde mostra mais de dez homens usando aventais enquanto preparam a comida cerimonial, representa uma clara ruptura com as tradições patriarcais profundamente enraizadas na família fictícia do Grupo Queens.
No drama, o personagem principal, Baek Hyun-woo (interpretado por Kim Soo-hyun), é um graduado em direito pela Universidade Nacional de Seul e o neto mais velho do Grupo Queens. Ele expressa sua insatisfação com o desperdício de talento na preparação da comida ritual, ressaltando a exaustão e a frustração frequentemente associadas a essas tarefas. Contudo, essa cena não apenas oferece momentos de humor, mas também ecoa as preocupações reais das mulheres coreanas casadas, que criticam discretamente as disparidades de gênero presentes nos costumes patriarcais.
“Rainha das Lágrimas” não se limita a ser apenas um drama; é um reflexo da sociedade que expõe a absurda discriminação de gênero. Ele satiriza os vestígios da cultura patriarcal ao mostrar homens assumindo papéis tradicionalmente reservados às mulheres na Coreia, especialmente durante a preparação de jesa ou ritos ancestrais. Dessa forma, essa responsabilidade, historicamente atribuída às mulheres na família, é retratada de maneira inovadora. E o drama emprega uma técnica de “espelhamento” para criticar as expectativas impostas às mulheres.
O alcance do drama
O impacto do drama se estende para além das fronteiras da Coreia, ecoando entre os espectadores de países como a Indonésia, onde as tradições patriarcais também são profundamente enraizadas. Um telespectador indonésio de 22 anos compartilhou sua identificação com os temas da série, dizendo: “Na Indonésia, a taxa de casamento entre jovens está caindo. Tal como na Coreia, os costumes patriarcais estão profundamente enraizados na sociedade. Muitas mulheres ainda vivem com a percepção de que devem cozinhar para seus maridos e suas famílias. Foi revigorante falar sobre a cultura patriarcal com minha família através de um drama coreano. De certa forma, ‘Rainha das Lágrimas’ foi educativo.”
O crítico de dramas Gong Hee-jung elogiou “Rainha das Lágrimas” por sua abordagem satírica em relação ao cerne do patriarcado. E o crítico cultural Jung Duk-hyun atribuiu a popularidade do show à inversão de papéis de gênero e ao humor do drama. Ele afirmou: “Ele inverteu o roteiro das comédias românticas mais uma vez com uma história que sugere que mesmo se tornar Cinderela não garante felicidade.” Ainda assim, ele o destacou como um avanço significativo na cultura popular ao desafiar e transformar as normas de gênero.
Foto Destaque: Cena de ‘Rainha de Lágrimas’, novo drama da Netflix. Reprodução / Netflix