KFA demite Klinsmann após péssimo desempenho na Copa Asiática
Após uma série de desempenhos ruins na Copa da Ásia, a KFA anunciou a demissão de Klinsmann como treinador da seleção nacional
Nesta sexta-feira (16), Chung Mong-gyu, presidente da KFA (Associação de Futebol da Coreia), anunciou a demissão de Jürgen Klinsmann após uma reunião de 2 horas e meia com outros executivos realizada no Jongno-gu Football Hall, em Seul. A falta de liderança e os resultados abaixo do esperado foram apontados como as razões para a saída de Klinsmann.
Chung Mong-gyu destacou que Klinsmann não correspondia às expectativas em termos de extrair o melhor da seleção nacional, gerenciar jogadores e demonstrar liderança. Além disso, a falta de evolução de Klinsmann como técnico principal foi uma das principais razões por trás da decisão.
Segundo Hwangbo Kwan, diretor técnico da KFA, a falta de preparação tática de Klinsmann e sua incapacidade em lidar com as tensões entre os jogadores foram fatores determinantes. Além disso, a recusa de Klinsmann em residir na Coreia, apesar das críticas, e sua falta de reconhecimento das deficiências táticas foram aspectos que pesaram na decisão da comissão.
“A atitude e a competitividade de Klinsmann como treinador ficaram aquém das expectativas das pessoas e consideramos que isto não melhoraria no futuro. Klinsmann não demonstrou a capacidade de gestão e liderança esperadas de um técnico em áreas que vão da tática e gestão pessoal até a atitude de trabalho. Por isso decidimos mudar a liderança antes das partidas das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026“, comunicado da KFA.
Falta de liderança e desempenho ruim
A gestão de Klinsmann também foi alvo de críticas, com acusações de falta de liderança e de estabelecimento de normas claras para a equipe, com muitos questionando sua capacidade de levar uma equipe talentosa ao sucesso. Apesar de jogadores como Son Heung-min e Lee Kang-in, o desempenho da equipe sob o comando de Klinsmann foi considerado aquém do esperado.
O presidente da KFA, Chung, enfrentou controvérsias por sua decisão de contratar Klinsmann unilateralmente, sem envolver outras pessoas no processo. Embora Chung tenha negado essas alegações, a demissão de Klinsmann ressalta a importância da transparência e da consulta ampla em processos de contratação de treinadores de seleções nacionais.
A eliminação nas semifinais da Copa da Ásia foi o principal ponto para a decisão. A derrota para a Jordânia por 2 a 0 sem sequer um chute a gol expôs as deficiências da equipe e deixou os torcedores desanimados.
A ida de Klinsmann para a seleção
A demissão de Klinsmann também levanta questões sobre a gestão da KFA e de Chung Mong-gyu. O processo de contratação de Klinsmann foi alvo de críticas, com acusações de falta de transparência e envolvimento unilateral por parte do presidente da associação. Chung Mong-gyu admitiu que houve confusão durante o tempo de Klinsmann na seleção, mas parou antes de anunciar qualquer renúncia.
Embora a KFA nunca tenha divulgado os detalhes financeiros do contrato de Klinsmann, especula-se que ele estivesse recebendo uma remuneração anual de aproximadamente US$ 2,2 milhões. Com a decisão de demitir Klinsmann, a KFA agora enfrenta a obrigação de liquidar o restante de seu contrato, que estava originalmente programado para se estender até a Copa do Mundo de 2026 da FIFA.
Chung, ao abordar a questão dos compromissos financeiros envolvidos na demissão de Klinsmann, afirmou: “Vamos precisar analisar as cláusulas contratuais com nossos assessores legais. Se isso representar um ônus adicional para a KFA, estou disposto a explorar maneiras de minimizar esses custos, inclusive considerando contribuições pessoais como presidente da organização.”
Enquanto a KFA assume responsabilidade pela controvérsia em torno da gestão de Klinsmann, Chung expressou a intenção de conduzir uma revisão interna para entender melhor os eventos que levaram à demissão e implementar medidas preventivas para evitar problemas similares no futuro.
Klinsmann na seleção
Desde que assumiu o comando da seleção sul-coreana de futebol em fevereiro de 2023, Jürgen Klinsmann trouxe consigo expectativas e promessas de uma nova era para o futebol do país. Durante o seu período de comando, que se estendeu até fevereiro de 2024, a seleção sul-coreana disputou 17 jogos.
Destes, 9 foram amistosos, 6 ocorreram na Copa da Ásia e 2 foram partidas de qualificação para a Copa do Mundo de 2026. O ponto por jogo (PPJ) atingido foi de 1,88, uma métrica que reflete um desempenho sólido, embora com espaço para melhorias. Ao longo desse período, a equipe conquistou 9 vitórias, com destaque para seu desempenho em amistosos e na Copa da Ásia, onde alcançou resultados expressivos.
Copa da Ásia
A trajetória da Coreia do Sul na Copa da Ásia deixou muito a desejar, mesmo com a expectativa e otimismo que rodeavam a equipe sob o comando de Jürgen Klinsmann. Apesar de alcançarem as semifinais do torneio, os Guerreiros Taegeuk não conseguiram convencer em suas atuações.
Durante a fase de grupos, a equipe sul-coreana teve resultados mistos. Começaram com uma vitória contra o Bahrein por 3 a 1, mas em seguida empataram em 2 a 2 com a Jordânia e em 3 a 3 com a Malásia. Os sinais de inconsistência já se faziam evidentes.
No mata-mata, a situação não melhorou substancialmente. A equipe precisou de dois empates nos acréscimos para superar a Arábia Saudita e a Austrália, respectivamente nos pênaltis e na prorrogação. Contudo, na semifinal, a Coreia do Sul enfrentou uma Jordânia resiliente, que neutralizou completamente seus ataques, não permitindo sequer um chute a gol. Essa partida foi um retrato das dificuldades que a equipe enfrentou ao longo do torneio.
O desempenho abaixo do esperado gerou críticas severas ao técnico Jürgen Klinsmann. Além disso, sua falta de estrutura tática e comportamentos fora de campo foram alvo de questionamentos por parte da torcida e da mídia. Diferentemente de seu antecessor, o português Paulo Bento, Klinsmann não residia no país, o que gerou descontentamento.
Um episódio que gerou bastante polêmica foi o sorriso de Klinsmann após a derrota na semifinal para a Jordânia, momento em que alguns de seus jogadores choravam. Esse gesto foi considerado inadequado e aumentou a pressão sobre o técnico.
Contratado em fevereiro do ano anterior, Klinsmann havia afirmado sua intenção de permanecer no cargo até a Copa do Mundo de 2026, mas sua permanência se tornou insustentável diante das críticas e do desempenho da equipe. Agora, a Coreia do Sul enfrenta não apenas a decepção da eliminação na Copa da Ásia, mas também a incerteza sobre seu futuro técnico e a necessidade de reformulação para alcançar seus objetivos no cenário internacional.
Quem assumirá a seleção?
Agora, o foco se volta para encontrar um substituto adequado para Klinsmann. Chung explicou durante a coletiva que após a nomeação do diretor de fortalecimento da equipe nacional, será formado um comitê para selecionar o novo treinador. No entanto, o tempo é um fator importante, especialmente considerando o início das eliminatórias asiáticas para a Copa do Mundo de 2026. Com duas partidas marcadas contra a Tailândia em março, a urgência é evidente.
Contudo, apesar dos esforços preliminares da associação em listar possíveis candidatos desde antes da Copa da Ásia, o processo de seleção precisará recomeçar do zero com a nomeação do novo diretor de fortalecimento da equipe nacional. Este retrocesso evidencia as dificuldades enfrentadas pela associação para encontrar um líder capaz de impulsionar o futebol sul-coreano para frente.
Klinsmann, cuja trajetória como treinador nunca marcou sucessos, deixa para trás desafios não resolvidos, incluindo os problemas internos da equipe nacional. No entanto, a resolução dessas questões permanece uma incógnita, e a transição para um novo treinador representa mais um obstáculo a ser superado.
O presidente Chung indicou que o novo treinador lidará com a resolução dos problemas internos, em vez de impor punições diretas aos jogadores envolvidos. No entanto, resta questionar como a equipe abordará e resolverá essas questões profundas.
Foto Destaque: Jurgen Klinsmann durante coletiva na Copa da Ásia. Reprodução/KFA