Por conta da desvalorização do iene, a moeda japonesa, as universidades do país estão ajudando alunos japoneses que estudam no exterior
Nesta segunda-feira (11), a Universidade de Nagoya, no Japão, divulgou os resultados de uma pesquisa finalizada em julho por seu escritório de estudos no exterior. O documento aponta que uma grande quantidade de estudantes de graduação e pós-graduação desistiu de realizar intercâmbio por questões financeiras. Conforme os resultados, cerca de 80% dos entrevistados tinham interesse em estudar em universidades estrangeiras, mas não possuíam planos específicos para isso.
Cerca de 119 universitários participaram da pesquisa, dos quais 31 desistiram completamente do intercâmbio, 18 alteraram o cronograma, sete encurtaram o período de estadia no exterior e 62 mantiveram o desejo de seguir com o intercâmbio conforme planejado. Entre os participantes, 11 estudantes indicaram esperar pagar entre ¥ 2,01 milhões (R$ 75.600,00) e ¥ 3 milhões (R$ 112.800,00), enquanto 10 afirmaram que estariam dispostos a pagar ¥ 3,01 milhões (R$ 113.200,00) ou mais.
A professora Nami Iwaki, especialista em educação internacional que analisou os dados, afirmou: “Houve um número considerável de estudantes que desistiram da ideia de ganhar experiência no exterior à medida que a data de formatura se aproximava”. Nos últimos anos, os custos para realizar um intercâmbio aumentaram consideravelmente. Segundo a universidade, em 2019, antes da pandemia, um programa de cinco semanas na Carolina do Norte custava cerca de ¥ 500.000 (R$ 18.800,00), incluindo despesas de viagem. Já em agosto deste ano, o custo do mesmo programa dobrou, alcançando aproximadamente ¥ 1 milhão (R$ 37.600,00).
O impacto negativo do aumento de preços foi reforçado por outra pesquisa da “Tobitate! Study Abroad Initiative”, que revelou que cerca de 80% dos estudantes interessados em estudar no exterior, mas sem planos específicos, afirmaram que não poderiam ir por razões financeiras. Além disso, aproximadamente 20% dos pais, de um total de 4.000 entrevistados, indicaram que não teriam condições de arcar com nenhum custo relacionado a programas de intercâmbio.
Embora as restrições impostas pela pandemia tenham sido suspensas, o interesse em estudar no exterior ainda não se recuperou totalmente. Dados da Japan Student Services Organization mostram que, em 2022, o número de estudantes que foram para o exterior foi de cerca de 58.000, o que representa apenas metade do pico registrado em 2018, quando 115.000 alunos participaram de programas internacionais.
Para apoiar a internacionalização, a Universidade de Nagoya estabeleceu os “30 Programas Internacionais Globais”, nos quais os alunos podem obter um diploma com aulas ministradas inteiramente em inglês por professores multinacionais. Os programas são realizados em turmas pequenas, com divulgação ativa, um formato comum em escolas estrangeiras. A universidade destaca a alta qualidade desses programas, observando que muitos graduados buscam pós-graduações renomadas internacionalmente.
Desde 2018, a Universidade de Nagoya oferece suporte acadêmico adicional a estudantes, incluindo a designação de estudantes internacionais como “tutores” para auxiliar os alunos locais com seus estudos em japonês e inglês. No início do semestre, em outubro, uma palestra sobre geometria foi ministrada inteiramente em inglês pelo professor suíço Serge Richard para estudantes de várias nacionalidades. Os estudantes japoneses podem receber até 30 horas de orientação individual por semestre, com tutores que os auxiliam na redação de relatórios em inglês e em explicações adicionais.
Já a Universidade de Nanzan oferece, desde 2016, um programa de viagem acadêmica de um mês para o exterior, organizado como um curso intensivo para cada departamento. Cerca de 400 estudantes já participaram do programa. A universidade planeja estabelecer um novo sistema de subsídios para programas de estudos de curta duração no exterior. Masataka Osawa, diretor do centro internacional da Universidade de Nanzan, afirmou que a instituição busca aliviar o fardo financeiro dos estudantes.
Foto destaque: Representação de alunos na fase final da graduação. Reprodução/Divulgação via Pixabay
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