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Na manhã do dia 5, a artilharia costeira da Coreia do Norte no Mar Ocidental disparou contra o mar e, em resposta ao incêndio, o obuseiro autopropulsado K-9 da Unidade Yeonpyeong, uma unidade naval na ilha de Yeonpyeong, abriu fogo à tarde. Cortesia do Ministério da Defesa

Troca de disparos eleva tensão entre Coreia do Sul e do Norte

As tensões na península coreana aumentaram ainda mais após uma série de provocações entre Coreia do Sul e do Norte nesta sexta-feira

Na manhã de sexta-feira (5), a Coreia do Norte lançou aproximadamente 200 projéteis de artilharia em direção às águas ao largo de sua costa oeste, os projéteis caíram na zona tampão marítima ao norte da Linha Limite Norte (NLL), a fronteira marítima de fato no Mar Amarelo, desrespeitando o antigo acordo militar intercoreano de 2018, que estabeleceu essa área como uma zona de não-disparo, com o objetivo de reduzir as tensões na fronteira.

A ação imediatamente desencadeou uma ordem de evacuação de emergência para civis sul-coreanos que residem nas ilhas fronteiriças de Yeonpyeong e Baengnyeong, regiões há muito tempo tensas e sensíveis a qualquer movimentação militar.

Durante uma coletiva de imprensa de emergência realizada após os disparos, Lee Sung-joon, diretor de assuntos públicos do Estado-Maior Conjunto disse que:“Os militares norte-coreanos dispararam mais de 200 tiros de cerca de 9h às 11h de hoje na área do Cabo Jangsan, ao norte da Ilha Baeknyeong, e do Cabo Sansan, ao norte da Ilha Yeonpyeong. Não há danos ao nosso povo ou militares como resultado disso, e o ponto de pouso é a área ao norte da Linha do Limite Norte (NLL).”


Shin Won-sik Coreia do Sul
Ministro da Defesa Nacional, Shin Won-sik durante coletiva de imprensa de emergência. Reprodução/Ministério da Defesa

Resposta da Coreia do Sul

Em resposta, o Sul mobilizou seu exército, realizando exercícios de disparos reais nas ilhas fronteiriças, usando obuses autopropulsados K9 e tanques K1E1 contra alvos simulados nas águas ao sul da Linha Limite Norte (NLL), a fronteira marítima entre as duas Coreias. Ao todo, foram disparados cerca de 400 projéteis, o dobro do número lançado pelo Norte.

Essa intensificação da atividade militar ocorre em meio a um clima de crescente hostilidade entre as duas nações, exacerbado pela retórica belicosa e declarações incendiárias vindas de ambos os lados. O Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul alertou para a natureza “provocativa” das ações do Norte, enquanto Pyongyang, por sua vez, descreveu os militares sul-coreanos como “gangsteres militares”.

O Ministro da Defesa sul-coreano, Shin Won-sik, enfatizou a necessidade de estar preparado para uma retaliação poderosa, declarando que é importante assegurar a paz através de uma força avassaladora. “Devemos estar preparados para retaliar com o objetivo de devastar completamente nosso inimigo, seguindo o princípio de agir imediata e esmagadoramente para que não ousem nos provocar novamente”, ressaltou Shin.


Coreia do Sul e do Norte
Militares da ROK realizam um exercício de tiro naval. Reprodução/Ministério da Defesa Nacional via JTBC

Acordo de 2018

O acordo de 2018, concebido para reduzir as tensões militares e promover a confiança mútua, foi anulado unilateralmente pela Coreia do Norte após Seul suspender parcialmente o acordo em protesto contra o lançamento bem-sucedido de um satélite espião militar pelo Norte. Desde então, as relações entre as Coreias têm se deteriorado rapidamente, com Kim Jong-un, líder norte-coreano, classificando os laços intercoreanos como relações entre “dois estados hostis”.


obuseiro Coreia do Sul
Obuseiro autopropulsado K9 da unidade Yeonpyeong do Corpo de Fuzileiros Navais. Reprodução/Ministério da Defesa via Chosun

Analistas de segurança sul-coreanos alertam para a possibilidade de mais provocações norte-coreanas e ciberataques no início de 2024, à medida que se aproximam as eleições parlamentares na Coreia do Sul em abril e a eleição presidencial nos Estados Unidos em novembro.

O Ministro da Defesa sul-coreano, Shin Won-sik, emitiu um alerta, declarando a necessidade de estar preparado para uma retaliação poderosa, enquanto a Coreia do Norte, por sua vez, advertiu sobre possíveis ações sem precedentes se o Sul continuar com suas provocações.

“Nossos militares precisam estar equipados com uma postura retaliatória para aniquilação completa, para que o inimigo nunca tente outra provocação e para garantir a paz por meio de uma força poderosa”, Ministro da Defesa, Shin Won-sik.

“Advertimos seriamente que toda a responsabilidade por situações de escalada de crise é da Coreia do Norte e pedimos veementemente que pare imediatamente”, Coronel Lee Sung-jun, porta-voz do JCS.

Possíveis ataques antes da eleição

Os disparos aconteceram em meio a uma crescente tensão entre o Norte e o Sul após o lançamento de um satélite militar pela Coreia do Norte no ano passado. No dia 4, o governo de Yoon Suk-yeol dissolveu a Fundação de Apoio à Zona Industrial de Kaesong.

Recentemente, a Coreia do Norte instalou postos de concreto e minas ao longo da Linha Gyeongui e da Linha do Mar do Leste para reestabelecer postos de observação (GPs) na Zona Desmilitarizada (DMZ), os quais foram destruídos e evacuados conforme o acordo militar de 19 de setembro.

Contudo, a troca de disparos e as declarações desafiadoras também surgem em um contexto de previsões da agência de espionagem sul-coreana, que indicou a alta probabilidade de a Coreia do Norte realizar provocações militares ou ataques cibernéticos no início de 2024, antes das eleições parlamentares sul-coreanas em abril e da eleição presidencial dos EUA em novembro.

A situação permanece volátil, exigindo uma resposta estratégica e diplomática urgente para impedir a escalada de um conflito regional que poderia ter implicações profundas não apenas para a Península Coreana, mas também para a estabilidade geopolítica global.

Foto Destaque: artilharia costeira da Coreia do Norte no Mar Ocidental. Reprodução/Ministério da Defesa via Naver

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