Surto de pneumonia na China preocupa OMS
Desde outubro, ocorrências da doença na China aumentam consideravelmente, principalmente em crianças, podendo se agravar com piora no clima
A Organização Mundial da Saúde (OMS) incitou a China a levantar a razão do aumento incomum de casos de pneumonia e outras doenças respiratórias. O país está em seu primeiro inverno livre de restrições desde a pandemia da COVID-19.
Profissionais da saúde consideram a atual situação um efeito colateral da suspensão de algumas restrições. Outros vêem paralelos de quando a pandemia de 2020 começou.
O que sabemos até agora
A Comissão Nacional de Saúde da China organiza uma conferência de imprensa em 13 de novembro, lá relata que houve um aumento dos casos de doenças respiratórias.
No dia 19 do mesmo mês, o Programa de Monitorização de Doenças Emergentes (ProMED) relata grupos de pneumonia não diagnosticada em crianças ao norte do país. O ProMED é um sistema de vigilância global sobre surtos de doenças infecciosas. Entretanto, não está claro se essa informação sobrepôs as da conferência de imprensa.
Em relatório da ProMED, as infecções começaram em Pequim e em Liaoning, no nordeste da China, a 800 quilômetros de distância entre eles.
No dia 22 a OMS solicitou à China que informações sobre o surto fossem divulgadas. Assim como, “informações epidemiológicas adicionais e informações clínicas, bem como resultados laboratoriais dos grupos de crianças”.
O número oficial de casos não está disponível, porém hospitais da capital testemunham um aumento em pacientes, especialmente na enfermaria infantil. Seguindo o surto, 1.200 pacientes entram no pronto-socorro em média por dia, segundo uma correspondente da Al Jazeera.
Escolas na capital relatam alto número de faltas, até precisando dispensar turmas inteiras caso alguns alunos estejam doentes. Educadores estão alertando os pais para que sejam cautelosos.
Autoridades da Saúde se preocupam em razão do inverno piorar as condições, tendo em vista que a autoridade meteorológica da China relatou uma piora no clima. A partir de quinta-feira, a temperatura no país cairá consideravelmente.
Qual a razão do surto
Autoridades da Comissão Nacional de Saúde da China atribuíram o aumento de casos à flexibilização das restrições da COVID-19. Especialistas assemelham a situação da China assim como a “onda de saída do confinamento”, observada em países como o Reino Unido.
A China pode estar enfrentando uma “dívida de imunidade” devido ao seu extenso período de confinamento. Tal confinamento reduziu a circulação de doenças respiratórias, resultando na diminuição da imunidade a doenças endêmicas.
Segundo François Belloux, diretor do Instituto Genético da University College London, “não há razão para suspeitar do surgimento de um novo patógeno”.
Após a pandemia da COVID-19 e surtos de doenças respiratórias, autoridades chinesas assentam que é necessária reforçar a capacidade dos sistemas de saúde do país, assim como a vigilância das doenças.
Equipes médicas estão não apenas preocupados com a população menor de 18 anos, mas também às pessoas vulneráveis como idosos e grávidas.
Laith Abu-Raddad, professor de política e investigação em saúde na Weill Cornell Medicine no Catar, observa que a baixa incidência em idosos pode ser por conta de uma imunidade ao agente patogênico, possivelmente VSR, que é galopante. Tal observação diminui a preocupação, pois uma nova vacina para o vírus já está disponível.
Foto destaque: Crianças são atendidas em hospital pediátrico em Pequim em meio a surto de doença respiratória. — Foto: Jade Gao / AFP