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Professor universitário de Nara ensina a lidar com a saúde mental

Com aumento alarmante de suicídios entre jovens, um professor universitário de Nara lidera iniciativa para educar sobre saúde mental

O professor da Universidade de Nara, Jin Ota, ensina alunos japoneses a identificarem sinais de depressão em jovens e conhecidos. Os indícios revelados permitem que a pessoa receba apoio e auxílio psicológico.

Além de lecionar sociologia na universidade, o professor de 68 anos, está envolvido com ensino e pesquisa sobre saúde mental em colaboração com o departamento de psicologia da Universidade de Nara. Esse empenho permitiu ele conduzir seminários para seus alunos, dessa forma desempenhando um papel ativo na promoção sobre assunto crítico.

Reconhecendo a urgência da questão, a universidade busca abordar o suicídio entre os jovens e implementar medidas preventivas de maneira proativa. Em sua pesquisa, realizada em setembro de 2022, descobriu que metade dos 557 alunos entrevistados de várias universidades, inclusive a sua própria, se consideravam “sem valor” ou “substituíveis”.


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Universidade de Nara, no Japão. Reprodução/Divulgação

“Gostaríamos de ter um avanço na situação atual educando jovens que possam salvar outros do desespero”, explica Ota o propósito do seminário. Ele também falou sobre o caso em que um de seus alunos conseguiu reconhecer um sinal de alerta em um colega de trabalho e forneceu com sucesso o apoio necessário à pessoa em crise.

Motivos

Entre os assuntos discutidos em seu curso estão o cyberbullying e a evasão escolar de crianças pequenas. Segundo as estatísticas do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar, houve um aumento de 514 casos de suicídio entre estudantes do ensino fundamental, médio e superior em 2022, representando o maior número registrado até o momento.

As causas e motivações mais comuns para o suicídio entre os jovens na faixa dos 20 anos são problemas de saúde e de trabalho, além de problemas econômicos que estão relacionados à subsistência.

O trabalho do professor é efetivo e alguns de seus alunos solidarizam com jovens que cogitam tirar a própria vida e isso inclui aqueles que passaram por situações semelhantes.

Relatos pessoais

Além disso, uma estudante de psicologia do terceiro ano, 21 anos, disse “eu consigo entender ser dominado por esse sentimento de querer se matar as vezes”. Ela comenta que sofreu abuso sexual no ensino fundamental. Por não saber lidar com o trauma emocional que a experiência lhe causou, acabou agredindo a si mesma durante um tempo. Além disso, lembrou também do sentimento de querer apoio de seus amigos durante os seus momentos depressivos. Todavia, ao invés disso, recebia falas como “não diga coisas desse tipo”, que apenas fortalecia o seu desespero.  

Sendo assim, por meio de encontros e conselhos de outras pessoas, a garota decidiu se matricular no departamento de psicologia da Universidade de Nara. Aprender sobre as feridas emocionais de outras pessoas lhe ajudou a lidar com seus próprios traumas.

Segundo Jin Ota, existem muitos casos nos quais as pessoas ignoram revelações sobre o desejo de morrer. Tratam como algo que não vale a pena discutir. Logo, essa atitude dificulta aqueles em estado depressivo de expressarem seus problemas. Ainda, a taxa de suicídio entre os jovens no Japão está entre mais altas dos países industrializados. Especialistas dizem que são necessárias medidas urgentes.

Foto destaque: Seminário sobre prevenção ao suicídio entre jovens, realizado por Jin Ota no Departamento de Psicologia da Universidade de Nara. Reprodução/Kyodo

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