
Produção da Netflix gera debate na 29ª edição do Festival de Cinema de Busan
Escolha do filme “Guerra e Revolta” como abertura do Festival Internacional de Cinema de Busan provoca debate sobre o impacto do streaming
O Festival Internacional de Cinema de Busan (BIFF), maior evento cinematográfico da Ásia, encerrou sua 29ª edição na última sexta-feira (11), após 10 dias de intensa programação com 224 filmes exibidos de 63 países e a presença de mais de 145 mil convidados. O evento é consolidado como um ponto de encontro vital para cineastas emergentes e produções independentes, no entanto, a edição deste ano foi marcada por discussões.
A escolha de Guerra e Revolta, uma super produção da Netflix que se passa durante a Dinastia Joseon, para abrir o festival gerou polêmica, levantando questões sobre a presença de filmes comerciais em um festival que tradicionalmente foca em produções independentes e autorais. Em resposta às críticas, os organizadores do BIFF justificaram a seleção do filme, ressaltando sua “alta qualidade técnica e apelo popular”.

Convidadas durante sessão de bate-papo do Festival Internacional de Cinema de Busan. Reprodução/site oficial do BIFF
Jung Han-seok, diretor de programação, afirmou que o conteúdo feitos para o streaming, como Squid Game da Netflix e Pachinko da Apple TV+, contribuiu para um aumento significativo na visibilidade global das produções sul-coreanas nos últimos anos, destacando que a programação de 2024 reflete como esse mercado se tornou “uma parte importante da nossa cultura,” afirmou Kay Hee-Young Kim.
Ainda assim, a escolha gerou descontentamento entre muitos convidados, incluindo Kay Hee-Young Kim, CEO do estúdio K-Dragon. “Considero decepcionante que um título de streaming tenha sido selecionado como filme de abertura”, comentou o empresário ao portal Japan Times. “Os desafios enfrentados pelo mercado de cinema físico e pelos cineastas podem ser, em parte, atribuídos às plataformas de streaming”, afirmou Kay Hee-Young Kim.
Entre os destaques da premiação, o Prêmio New Currents, que reconhece novos talentos na indústria cinematográfica, foi concedido aos diretores Park Ki-woong por The Land of Morning Calm e Maw Naing por Cry of Silence. O Prêmio Jiseok, destinado a cineastas experientes, foi dividido entre Rima Das, por Village Rockstars 2, e Tom Lin Shu-Yu, por Yen and Ai-Lee. Além disso, os prêmios de Ator e Atriz do Ano foram para Yoo Lee-ha, por The Final Semester, e Park Seo-yun, por Humming, respectivamente.
Os organizadores do BIFF informaram que a taxa de ocupação dos assentos em suas 28 telas, distribuídas em sete cinemas de Busan, atingiu 84%, um leve aumento em relação aos 82% do ano passado, superando até mesmo os números dos anos pré-pandemia, quando foram exibidos mais de 300 filmes. A 30ª edição do BIFF já tem data marcada e ocorrerá de 17 a 26 de setembro de 2025.
Foto Destaque: Still do longa-metragem Guerra e Revolta. Reprodução/site oficial do BIFF