O universo dos grupos virtuais de K-pop
No dinâmico cenário da música pop sul-coreana, uma nova e intrigante dimensão de grupos virtuais de K-pop estão surgindo e desafiando as fronteiras tradicionais das criações artísticas
Enquanto a indústria da música evolui com os avanços tecnológicos, a fusão entre esses dois mundos vem dando origem a artistas digitais, dotados de personalidades únicas – semelhantes às humanas, coreografias cativantes e cenários impressionantes do metaverso.
Mas até quando isso é saudável para o cenário em que vivemos hoje?
Como tudo começou
Não é novidade para ninguém que os países asiáticos como: Japão, China e Coreia do Sul são enormes potências tecnológicas.
No caso da Coreia do Sul, o K-pop é fascinante em diversos aspectos e palco de diversas experimentações tecnológicas quando falamos nos investimentos de empresas de entretenimento na produção de ídolos.
Tanto é verdade que, na Coreia, o sonho de se tornar um artista, ator ou cantor é uma realidade de carreira almejada por muitas pessoas.
Mas, o que esses avatares hiper-realistas nos fazem questionar é:
- Até que ponto a substituição de artistas reais por criações digitais é prejudicial para a autenticidade humana?
- Além disso, como essa troca impacta a experiência dos fãs?
Conheça grupos que já estão no Metaverso
ETERNITY
Diria que por enquanto, este é um dos grupos mais assustadores na fusão humana e o digital.
Utilizando tecnologia de ponta, o girl – group, lançado oficialmente em 2021, é composto por onze integrantes criadas por inteligência artificial, inspiradas em celebridades coreanas.
Ao buscar mesclar esses dois mundos e almejar parecerem reais, suas integrantes têm características peculiares, o que é claramente perceptível em sua fisionomia.
SUPERKIND
Lançados em 2022, os cinco integrantes Daemon, Eugene, Geon, SiO e JDV dividem espaço com os membros criados por inteligência artificial, SAEJiN e Seung.
Sim, é exatamente isso que você acabou de ler, dois integrantes deste grupo não existem na vida real.
Atualmente, o boy – group conta com mais de 200 mil seguidores em suas redes sociais e muitas visualizações no Youtube.
Não sabemos ao certo sobre o que os integrantes reais acham sobre essa inserção de membros não reais junto com eles.
No entanto, deve ser muito desafiador, conforme Daemon (integrante real) menciona em uma entrevista sobre seu último lançamento, “Beam Me Up!”
Pergunta: Quais são os desafios em se trabalhar entre o mundo real e o metaverso como um grupo?
“Eu penso que a parte mais difícil é que temos que combinar os dois universos de uma maneira que mostre que estamos realmente colaborando e trabalhando juntos. No entanto, estamos tentando resolver esse problema com nossos personagens virtuais e indo até o mundo digital para nos comunicarmos com eles.”
Bizarro, não é?
MAVE
Formado ainda neste ano, com apenas duas músicas lançadas, o girl – group já acumula visualizações de fazer inveja.
Sua faixa principal “Pandora” ultrapassa mais de 25 milhões de visualizações no Youtube.
Diferentemente do girl-group ETERNITY, as integrantes possuem características de avatares muito bem desenvolvidas de modelagem 3D e técnicas de simulação para controlar movimentos faciais e corporais.
AESPA
Formado pela SM Entertainment em 2020, o girl – group composto por quatro integrantes, Karina, Giselle, Winter e Ningning possuem seu próprio “eu” no mundo virtual.
Como sugere o próprio nome do grupo, o caractere “æ” na palavra simboliza a fusão desses dois mundos: o mundo real (onde nós estamos) e o mundo virtual (onde existem avatares digitais ).
Os avatares digitais “æ” do grupo AESPA representam a personalidade, estilo e aparência das quatro integrantes reais, vivendo uma realidade paralela e interligada ao mundo online.
Desafios e Opiniões da Comunidade do K-pop sobre Grupos Virtuais
Em uma entrevista para a BBC NEWS, Han Yewon, integrante do girl – group “Mimiirose”, expressou temores de que os personagens virtuais possam ocupar o lugar dos ídolos humanos.
Após quase quatro anos de treinamento, aguardando sua oportunidade de estrear no cenário musical, ela compartilhou que ficava muito preocupada sobre a possibilidade de não conseguir realizar sua estreia no grupo.
Por outro lado, a integrante Moon Sua, do girl – group “Billlie”, comenta que não vê o mundo virtual como uma ameaça em si.
No entanto, ela destaca a preocupação de que os próprios artistas não tenham controle sobre sua imagem no metaverso, o que poderia criar uma situação de exploração.
Quais seriam as vantagens e desvantagens para as empresas de K-pop no mundo virtual?
VANTAGENS
A incorporação de tecnologias como inteligência artificial na indústria musical pode levar a mudanças nos padrões de gastos, como por exemplo:
- Redução de custos e despesas: Figurinos, maquiagem, viagens e hospedagens podem ser significativamente reduzidos, já que os artistas virtuais não demandam desses departamentos.
- Serviços de saúde e bem-estar: Não é necessário o investimento em serviços de saúde, o que contribui para economias nessa área.
- Foco total no desenvolvimento tecnológico: Já que grande parte do dinheiro que seria investido em custo e despesas não existem, o investimento pode ser totalmente direcionado para o aprimoramento de modelagem, vozes e cenários.
DESVANTAGENS
- Desemprego na Indústria Musical: Desligamento de profissionais essenciais na montagem dos artistas em bastidores como: coordenadores de palco, professores de dança, canto, maquiadores e entre outros.
- Perda de Autenticidade: A criação de músicas por meio de algoritmos pode acarretar na perda da autenticidade e da expressão humana. Devido a produção de novas canções que seriam geradas por computadores, comprometendo o sentimento emocional genuíno da vida real.
Já nas redes sociais e nos fóruns da internet, a opinião dos fãs é a voz de Deus!
Ao pesquisar na rede social X, sobre grupos virtuais de k-pop a maioria das opiniões tangem para o lado negativo:
CONCLUSÃO
Por fim, as novas tecnologias podem, de fato, contribuir para a produção da indústria do K-pop.
Mas é inegável que, além de expandir esse cenário inovador de entretenimento, a verdadeira intenção é gerar lucro.
Além disso, o cenário atual, ao substituir artistas reais por personagens virtuais, pode ser visto como uma desvalorização do árduo treinamento de diversos artistas que sonham em se tornar músicos profissionais.
Ao mudar este cenário, seria como considerar que todo o trabalho e dedicação de uma pessoa real para levar sua música ao público, estaria sendo desperdiçado e dando lugar mais uma vez para as novas tecnologias e ao mundo capitalista.
O futuro parece ser muito promissor.
Por isso, é crucial ter em mente que, ao desfrutar dessas tecnologias, é divertido, mas não podemos nos deixar iludir por algo que não é real.
Foto Destaque: Girl – Group Aespa e suas representações avatares do metaverso conhecidas como “æ”. Divulgação/ SM Entertainment.