Naufrágio de Sewol completa dez anos
Nesta terça-feira, o naufrágio da balsa Sewol, que deixou 304 mortos e marcou a história da Coreia do Sul, está completando dez anos
Em 16 de abril de 2014, aconteceu o naufrágio de Sewol. A tragédia acabou expondo as práticas antiéticas da gestão de empresas de navegação, que negligenciam a segurança e focam apenas no lucro. Neste caso, houveram diversas trocas na estrutura do navio, como por exemplo na cobertura do porão de carga, que ao invés de metal, foi substituída por uma lona.
Além disso, o navio foi sobrecarregado três vezes mais que a carga adequada. Sem contar com os dispositivos de fixação, que eram defeituosos. O navio tinha 25 anos e exigia modificações cuidadosas. No entanto, as aréas de carga e passageiros foram ampliadas, o que resultou em um deslocamento do centro de gravidade.
O capitão e a tribulação levantaram preocupações sobre a falta de estabilidade e sobrecarga, mas a empresa ignorou. Além de todos os problemas, o tempo estava com um denso nevoeiro. Outros navios desistiram de suas viagens, mas o Sewol partiu para o mar.
Em novembro de 2013 e janeiro de 2014, os problemas da estrutura do Sewol foram sinalizados. Bem como o navio experimentou acidentes como inclinações ou queda de cargas. Porém, a Cheonghaejin Marine não interrompeu as atividades do navio, já que os custos de reparo eram maiores do que o esperado. Portanto, a empresa optava por sobrecarregar as viagens para transportar mais carga, e com isso, ter mais lucro.
Dez anos da tragédia
Nesta terça-feira (16), o acidente que provocou a morte de 304 pessoas, em sua maioria estudantes, completa 10 anos. O navio transportava 476 pessoas e nove corpos nunca foram encontrados. E o que vemos de evolução na segurança de navios desde este e diversos outros casos?
De acordo com o relatório especial da Agência Central de Segurança Marítima (KMAIB), a maioria desses acidentes têm origem na gestão e organização, que deixa a segurança da tripulação em segundo plano.
Como foi o caso do Sewol, que enfrentava dificuldades financeiras e a única fonte de dinheiro era o transporte de carga. Mesmo com os alertas do primeiro oficial do navio, Kang Won-sik, a equipe de navegação não compreendeu a gravidade da situação e seguiu sobrecarregando o ferry em várias outras viagens, colocando a vida da tripulação e deles próprios em perigo .
Além disso, o acidente revelou outro problema, que foi a modificação indiscriminada de navios. O Sewol era antigo e tinha 25 anos de serviço. Para aumentar a carga e número de passageiros, a empresa de navegação expandiu o navio, sem considerar como isso afetaria sua estabilidade. Shin Bo-sik, capitão do Sewol, se mostrou preocupado, mas acabou recebendo um aviso para “não se intrometer nos assuntos de cima”.
O caso do Sewol se repetiu diversas vezes por empresas que preferem focar no financeiro ao invés de se preocupar com a segurança da tripulação. Mesmo após vivenciar essa tamanha tragédia, a ganância ainda é maior e continuamos a ver pessoas inocentes morrendo por negligência de tantas pessoas que ao fim nem pagam pelo crime que cometeram.
Foto destaque: Naufrágio do Sewol. Reprodução/ Divulgação