Ministério da Agricultura enfrenta críticas por negligência em matadouros halal na Coreia
O Ministério da Agricultura não regulamentou dois matadouros que violaram a lei de proteção animal na Coreia do Sul
Nesta sexta-feira (21), de acordo com funcionários do Ministério e ativistas dos direitos dos animais, o Ministério da Agricultura, Alimentação e Assuntos Rurais está enfrentando críticas por não regulamentar dois matadouros halal que violaram a lei de proteção animal da Coreia ao abater vacas sem primeiro deixá-las inconscientes. Os ativistas apelam ao Ministério da Agricultura para que tome medidas imediatas a fim de suspender o funcionamento dos matadouros halal.
Além disso, o Ministério admitiu ao The Korea Times que não monitorou as práticas levadas a cabo pelos matadouros halal na província de Gangwon. No início deste ano, os abatedouros, ambos localizados na província de Gangwon, foram certificados como halal pelo Comitê Halal da Federação Muçulmana da Coreia (KMF). Ademais, a Handawoon FSL, no condado de Hongcheon, que produz 13 cortes de carne bovina, adquiriu a certificação em fevereiro. Além dela, a Hoengseong KC, no condado de Hoengseong, que produz 11 cortes de carne bovina, foi certificada como halal em março. Portanto, ambas as licenças expirarão em um ano.
O Abate Halal
O abate halal, prática ritualística baseada nas crenças islâmicas, exige o uso de uma faca afiada para cortar a garganta de animais vivos e saudáveis. Dessa forma, cortando a veia jugular, a artéria carótida, a traqueia e drenando completamente o sangue. Sendo assim, o método vai contra a Lei de Proteção Animal da Coreia, que define métodos de abate de animais. De acordo com a lei, o sofrimento dos animais deve ser minimizado. Primeiro tornando-os inconscientes por métodos especificados pelo Ministério, incluindo atordoamento por gás ou elétrico. Segundo a legislação, o abate deve acontecer apenas quando os animais estão inconscientes.
Dessa forma, a Federação Muçulmana da Coreia, atendeu aos pedidos de certificação halal dos matadouros. Portanto, convidou funcionários do Departamento de Serviços Veterinários da Malásia para inspecionar pessoalmente os matadouros e os seus métodos de abate. Passando pela inspeção, os matadouros adquiriram a certificação do Departamento de Desenvolvimento Islâmico da Malásia, também conhecido como JAKIM. Segundo um funcionário da KMF disse ao The Korea Times, a autoridade malaia reconheceu os métodos de abate halal dos matadouros. No início desse mês, Handawoon começou a exportar produtos de carne bovina halal para a Malásia.
Tarefas limitadas: Ministério não inspeciona matadouros
De acordo com funcionários do Ministério, eles não inspecionaram as práticas de açougue nos dois matadouros. Entretanto, a equipe sanitária e de qualidade agropecuária do departamento de marketing e política de consumo do Ministério disse que, embora sejam responsáveis pelos matadouros em todo o país, as suas tarefas limitam-se a verificar se os talhantes manuseiam o gado de forma limpa, de acordo com a Lei de Controle Sanitário de Produtos Pecuários do país. Ademais, acrescentaram que nunca se aventuraram a visitar nenhum dos dois matadouros.
Um funcionário da equipe disse: “Não temos nenhuma cláusula legal em relação ao abate halal. O direito de emitir ou revogar licenças de matadouros pertence aos governos locais, não ao governo central. Portanto, não é realmente nossa função visitar um matadouro para inspeção. Além disso, a lei de proteção animal foi criada muito depois da Lei de Controle Sanitário de Produtos Pecuários. Temos aderido à lei de controle sanitário desde a década de 1960.”
Tensões sobre abate
Sobretudo, o funcionário da divisão de política de bem-estar animal do Ministério também mencionou a lei e destacou a obrigação legal de deixar os animais inconscientes antes de abatê-los. “Qualquer violação da lei está sendo monitorada pelo Ministério de Segurança Alimentar e Medicamentosa”, completou ele. Além disso, a questão da prática ilegal de abate surgiu em abril, quando a Associação Coreana para a Proteção Animal (KAAP) organizou um protesto contra a prática na Praça Gwanghwamun, no centro de Seul.
Ademais, os ativistas disseram que o abate halal é contra a Lei de Proteção Animal. Além disso, de acordo com o presidente da KAAP, Lee Won-bok, um vídeo divulgado pela People for the Ethical Treatment of Animals em 11 de abril mostrou vacas australianas sendo enviadas para a Indonésia, abatidas no método halal e sofrendo dores depois que suas gargantas foram cortadas.
Legenda destaque: Membros da Associação Coreana de Proteção Animal (KAAP) fazem uma apresentação na Praça Gwanghwamun, em Seul, em 11 de abril, para protestar contra o abate halal na Coreia. Reprodução/KAAP