
Discriminação de gênero com mulheres é reproduzida por empresa
Empresa determina ‘participação nas vendas’ como critério de promoção e designa mulheres à cargos não comerciais, enquanto exige aumento de vendas e nega promoção
A empresa A, responsável pela fabricação e venda de máquinas, estabeleceu participação nas vendas como critério de promoção. A conduta adotada é comum em muitas empresas, entretanto, a distribuição de funcionários nas funções de venda tem colocado as mulheres em desvantagem.
A divisão do trabalho se faz em duas categorias: gestão de vendas, lida com atividades comerciais, e suporte de vendas, não está envolvido nas vendas. Vale ressaltar que todos os funcionários na gestão de vendas são do sexo masculino, enquanto todos os do suporte de vendas são mulheres.
A prática impediu que as mulheres alcançassem os critérios de promoção. Além disso, a empresa pressionou as mulheres em cargos não relacionados a vendas a aumentarem as vendas, uma prática que é abusiva.
A Comissão de Relações Trabalhistas da Coreia, determinou que a empresa estava praticando ‘discriminação indireta’ de gênero nas promoções. E emitiu uma ordem de correção para reavaliar o processo de promoção.
A análise da Comissão
De acordo com a Comissão, duas mulheres que trabalham no suporte de vendas na divisão doméstica da empresa tiveram a promoção rejeitada no ano passado. Enquanto isso, três dos quatro funcionários masculinos na gestão de vendas conquistram a promoção para cargos de nível 2.
As duas mulheres tinham avaliações de desempenho médias iguais ou superiores às dos colegas homens na gestão de vendas ao longo de três anos. Ademais, também tinham períodos de serviço mais longos do que os homens promovidos.
A empresa afirmou que “não tinham habilidades suficientes para avançar para cargos de alto escalão devido a diferenças nas rotas de entrada e na expansibilidade do trabalho”. O argumento não foi aceito pela Comissão. Durante o mesmo período em que tiveram a promoção negada, um homem com o mesmo nível educacional teve uma promoção superior a de gerente.

A Comissão também levou em conta que, entre os funcionários masculinos promovidos para cargos de nível 2 ou acima, a maioria não tinha funções de gerenciamento. Além disso, a proporção de homens em cargos de nível 2 ou acima era de 97%, enquanto a proporção de mulheres era de apenas 3%.
A Comissão ordenou que o processo de promoção fosse reavaliado, considerando estatísticas, critérios reais aplicados nas avaliações de promoção, funções após a promoção e a situação atual dos funcionários promovidos a cargos de nível 2 ou acima.
E explicou que, mesmo quando critérios aparentemente neutros são aplicados, se há significativamente menos mulheres que atendam esses critérios, como resultado as mulheres são prejudicadas. Como a empresa não consegue provar a legitimidade dos critérios, isso é reconhecido como discriminação de gênero, mesmo em casos de discriminação não aparente.
Desigualdade de gênero no trabalho
Esse caso não é isolado e também ocorre em outras empresas e países pelo mundo. Um novo relatório da Organização Internacional do Trabalho, OIT, revela que os desequilíbrios de gênero no acesso ao emprego e às condições de trabalho são maiores do que se mensurava. Nas duas últimas décadas, o progresso para a redução dessa lacuna tem sido muito lento.

O documento indica que 15% das mulheres em idade produtiva em todo o mundo gostariam de trabalhar, mas não têm emprego, em comparação com 10,5% dos homens. Outro fato que agrega a discriminação de gênero no trabalho, se reflete nas que conseguem acessar o mercado, mas ainda precisam enfrentar empecilhos, como o caminho até a promoção entre outros.
Foto destaque: Desigualdade de Gênero/Reprodução/Fundação FEAC