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Documentário da BBC revela detalhes do caso Burning Sun

O documentário da BBC sobre o escândalo da Burning Sun revela como Go Ha-ra foi fundamental nas investigações

O novo documentário da BBC conta a história de três mulheres corajosas: duas jornalistas e uma idol do K-pop. Elas expuseram uma rede criminosa horrível envolvendo celebridades sul-coreanas, conhecida como o escândalo Burning Sun. Lançado no domingo pela equipe de reportagem investigativa do BBC World Service, o documentário, intitulado “Burning Sun: Exposing the Secret K-pop Chat Groups”, destaca as jornalistas Park Hyo-sil, Kang Kyung-yoon e a falecida cantora de K-pop Go Ha-ra. Essas mulheres desempenharam papéis imensos na revelação dos crimes que ocorreram por trás das paredes do clube Burning Sun.

Uma pequena denúncia

Burning Sun é o escândalo que começou no final de 2018, quando Kim Sang-gyo afirmou que a equipe do clube Burning Sun no distrito de Gangnam, no sul de Seul, o agrediu. O que começou como uma pequena denúncia, afirmando que o clube pertencia ao ex-membro do Big Bang, Seungri, tornou-se um dos maiores casos criminais da Coreia. O escândalo envolveu supostas conexões entre a polícia e o clube. Com gravação de vídeos sexuais ilegais, solicitação de sexo por Seungri, acusações contra o chefe da YG Entertainment, Yang Hyun-suk, e as condenações por estupro de estrelas do K-pop, nomeando o cantor Jung Joon-young.


O documentário tem restrição de idade, clique no link para assistir o vídeo completo

A princípio, disse Kang Kyung-yoon: “Eles eram tão nojentos, brincando com as mulheres como se fossem brinquedos”, revelou a jornalista à BBC em uma entrevista, lembrando de quando teve acesso aos chats online pela primeira vez. A BBC descreveu o conteúdo do chat como ‘um acúmulo de vídeos e imagens sexualmente explícitas de mulheres inconscientes’, que Jung e outros astros masculinos do K-pop compartilhavam entre si. O grupo de chat incluía o ex-membro da banda sul-coreana F.T. Island, Choi Jong-hoon, junto com Jung e Seungri. As conversas ocorreram entre 2015 e 2016.

Park e Kang

Em 2016, uma empresa forense (criminal) privada copiou o conteúdo da sala de chat, quando acusaram Jung Joon-young pela primeira vez de filmagem sexual ilegal, referida com o termo “molka” na Coreia. Em 2019, o conteúdo vazou. A jornalista Park Hyo-sil publicou um relatório sobre o caso inicial de molka de Jung em setembro de 2016. Após a publicação, fãs de Jung bombardearam Park com insultos, assédio e até ameaças de morte por meses. A promotoria decidiu não indiciar Jung naquela ocasião e encerrou o caso. No entanto, Park sofreu dois abortos espontâneos após apresentar seu relatório, sobretudo por estresse.


Seungri
Seungri sendo preso. Reprodução/The Interpeter

Kang Kyung-yoon continuou a investigação de Park, que a levou ao “lado sombrio da indústria do K-pop”, culminando no caso Burning Sun. Segundo ela, a investigação resultou em “ataques pessoais inimagináveis”. “Na época, eu estava grávida”, disse Kang à BBC. “Eles me chamaram de vadia femi (feminista), vadia femi grávida, vadia femi de esquerda. Era a primeira vez em quase cinco anos de casamento que consegui engravidar, ou seja, eu estava com muito medo de que algo pudesse acontecer ao bebê. Meu coração estava incrivelmente solitário e exausto.”

Cantora Go Ha-ra

Uma figura central no caso Burning Sun foi a falecida cantora do K-pop Go Ha-ra, que ajudou a obter uma pista no caso convencendo Choi, do F.T. Island, a denunciá-la ao oficial de polícia sênior que estava “cuidando da gangue”, segundo Kang. O oficial de polícia sênior responsável, Yoon Gyu-geun, posteriormente condenado pela polícia a pagar a uma multa de 20 milhões de won (R$ 75 072,61) em 2019 por ordenar que funcionários destruíssem evidências e aceitar subornos relacionados ao caso Burning Sun. Atualmente, ainda trabalha na Delegacia de Polícia de Songpa, no sul de Seul.

“Ainda lembro claramente da voz dela quando me ligou e disse: “Sou Ha-ra”, disse Kang. “Ela me disse que queria ajudar. Go Ha-ra e Choi Jong-hoon eram amigas próximas desde suas estreias, e ela tinha algum tipo de conexão com Seungri e Jung Joon-young. Ela me disse que viu seus telefones e viu ‘tantas coisas estranhas’ e que eu estava certa.

Poucos meses após a denúncia, Go tirou a própria vida em 24 de novembro de 2019. A polícia encontrou ela morta em sua residência no sul de Seul aos 28 anos. O incidente ocorreu menos de dois meses após a morte da cantora do K-pop Choi Jin-ri, conhecida como Sulli, também encontrada morta em um aparente suicídio em 14 de outubro.


Goo Hara
Cantora Goo Hara. Reprodução/AFP/Dong-A Ilbo

Acabou com sentenças de liberdade

Após a morte de Sulli, Go postou várias fotos dela com Sulli em sua conta no Instagram e apareceu em uma transmissão ao vivo em lágrimas, dizendo aos fãs que ela e Sulli eram “como irmãs”. Go foi vítima de molka, conduzida por seu ex-namorado Choi Jong-bum. Ele ameaçou divulgar um vídeo dos dois tendo relações sexuais em setembro de 2018 e a polícia o condenou a um ano e meio de prisão em agosto de 2019, mas a sentença foi suspensa por três anos. Cinco dias após a morte de Go, Jung foi condenado a seis anos de prisão pelo Tribunal Distrital Central de Seul.

A Suprema Corte reduziu a sentença de Choi Jong-hoon para dois anos e meio em setembro de 2020. Enquanto a sentença de Jung foi reduzida para cinco anos. Em agosto de 2021, um tribunal militar condenou Seungri a três anos de prisão, mas a Suprema Corte reduziu sua sentença para um ano e meio porque ele “admitiu todos os seus crimes e está arrependido de suas ações”. Seungri foi libertado da prisão em fevereiro de 2023, e Jung em março deste ano.

Por último, o vídeo está disponível no canal oficial da BBC Korea no YouTube. O documentário já tem opção de legenda para o português neste vídeo. O documentário da BBC será transformado em uma série de TV da BBC News a partir do próximo mês, segundo a BBC Studios.

Foto Destaque: artistas envolvidos no burning sun scandal. Reprodução/ Divulgação

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