Diretor que investigou primeira-dama da Coreia é encontrado morto
Funcionário da Comissão Anticorrupção da Coreia do Sul é encontrado morto com nota de suicídio; estava envolvido em investigações sobre a primeira-dama Kim Keon Hee e o ex-líder da oposição Lee Jae-myung
No dia 8 de agosto, um alto funcionário da Comissão Anticorrupção e de Direitos Civis da Coreia do Sul foi encontrado morto em seu apartamento em Sejong. O corpo foi descoberto por volta das 9h50 (horário de Brasília) da manhã por uma pessoa que foi ao local após o funcionário não comparecer ao trabalho e não atender às ligações. A vítima foi encontrada com uma nota de suicídio ao lado. O falecido ocupava o cargo de diretor interino do Departamento de Prevenção de Corrupção da Comissão, onde supervisionava uma série de políticas de integridade e investigações. Entre os casos mais delicados que ele gerenciava estavam as investigações envolvendo a primeira-dama Kim Keon Hee e o ex-líder da oposição Lee Jae-myung.
Kim Keon Hee foi acusada de receber uma bolsa de luxo Dior no valor de 3 milhões de wons (cerca de R$12 mil), o que gerou um dos maiores escândalos políticos de 2023. De acordo com a legislação sul-coreana, figuras públicas não podem aceitar presentes de valor superior a 1 milhão de wons. A Comissão Anticorrupção encerrou o caso em junho, após determinar que o presente não violava as leis anticorrupção, pois não havia cláusula de punição para cônjuges de funcionários públicos. O funcionário também estava envolvido na investigação sobre o uso de um helicóptero por Lee Jae-myung, que foi investigado após sofrer um ataque com faca em janeiro. As investigações sobre esses casos causaram considerável pressão sobre o funcionário.
Pressão para encerrar o caso
Recentemente, ele expressou em uma conversa telefônica com um amigo que estava enfrentando uma intensa pressão psicológica devido às exigências para encerrar o caso, mesmo contra suas reservas. Em mensagens enviadas pelo Kakao Talk, ele se descreveu como psicologicamente sobrecarregado e pediu desculpas por eventuais desapontamentos. O funcionário também participou de uma audiência parlamentar no mês passado, onde respondeu a perguntas dos legisladores. A polícia continua a investigar as circunstâncias exatas de sua morte, enquanto o caso gerou um intenso debate político.
O Partido Democrático, principal oposição, acusou o governo de tentar manipular as investigações para proteger interesses políticos, argumentando que isso contribuiu para a pressão sobre o funcionário. Em contraste, o Partido do Poder Popular criticou a tentativa da oposição de transformar o incidente em uma questão política, ressaltando a importância de uma investigação completa sobre a morte sem politização excessiva. A Comissão Anticorrupção e Direitos Civis, administrada pelo estado, afirmou que o funcionário desempenhou um papel vital na supervisão de políticas de integridade e investigações até recentemente, lidando com casos politicamente sensíveis e desafiadores.
Foto Destaque: Comissão de Direitos Civis no Complexo Governamental de Sejong. Reprodução/Newspim DB