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Crise no sistema de saúde sul-coreano leva governo a adotar medidas emergenciais

Crise no sistema de saúde sul-coreano foi agravado pela escassez de médicos e pelo aumento de demandas

Nesta quarta – feira (11), o site de notícias Yonhap News divulgou duas grandes reportagens sobre o real comportamento da saúde pública na Coreia do Sul. Que vem enfrentando um cenário de desafios, com impactos significativos tanto no sistema médico quanto na qualidade dos serviços prestados à população. Com o feriado de “Chuseok” (ação de graças) se aproximando, as preocupações em torno da continuidade dos cuidados de emergência aumentam, refletindo uma crise estrutural que envolve desde a escassez de médicos até a disputa entre governo e profissionais de saúde.

Medidas emergenciais para o feriado de Chuseok

Em declaração, o presidente Yoon Suk Yeol anunciou um conjunto de medidas temporárias para garantir que o sistema médico de emergência continue operando durante o feriado, que terá início ainda esta semana. Entre as ações destacadas, o governo decidiu aumentar os pagamentos de seguro de saúde para os hospitais, de modo a incentivar o atendimento contínuo, especialmente em casos de emergência. Além disso, cerca de 8.000 hospitais e clínicas comunitárias estarão disponíveis para atender a população, o que representa mais que o dobro da capacidade durante o último feriado de Ano Novo Lunar.

“O governo está trabalhando em estreita colaboração com as autoridades locais para assegurar que os serviços médicos de emergência funcionem normalmente, sem gerar preocupação pública”.

– afirmou o presidente.

Durante o período, as taxas de consulta e prescrição para especialistas serão temporariamente elevadas, em uma tentativa de recompensar os profissionais da saúde pela dedicação e minimizar as possíveis interrupções nos serviços médicos. Em especial, as taxas para especialistas em centros de emergência serão aumentadas para 3,5 vezes o valor habitual.


Presidente Yoon Suk Yeol durante reunião do gabinete realizada em Seul em 10 de setembro de 2024. Reprodução/ Yonhap News

Escassez de médicos e a crise no sistema de saúde

Embora o governo tenha tomado essas medidas para o feriado, a crise de pessoal nos hospitais persiste. Desde fevereiro, uma grande parcela dos médicos juniores e estagiários deixaram os hospitais em protesto contra a decisão do governo de aumentar drasticamente a cota de admissões nas faculdades de medicina. Essa escassez de médicos tem levado os hospitais a reduzirem operações cirúrgicas, tratamentos ambulatoriais e até o funcionamento das salas de emergência.

Em resposta, o Ministério da Saúde anunciou que vai financiar a contratação temporária de 400 médicos e enfermeiros para garantir a operação das salas de emergência durante o feriado. Serão 160 médicos e 240 enfermeiros alocados em hospitais que enfrentam os maiores desafios de pessoal. O custo estimado dessa iniciativa será de 3,7 bilhões de won por mês (cerca de 2,75 milhões de dólares).

No entanto, a solução é temporária. O governo planeja expandir o número de vagas nas faculdades de medicina em 2.000 novos assentos anuais durante os próximos cinco anos, como parte de uma reforma para enfrentar a escassez de profissionais de saúde no país. Entretanto, a proposta tem gerado forte resistência entre os médicos, que alegam que o aumento da quantidade de alunos comprometerá a qualidade da educação médica e, consequentemente, dos serviços de saúde.

O futuro do sistema de saúde sul-coreano

A reforma do sistema médico proposta pelo governo de Yoon Suk Yeol está no centro do atual debate. Embora o aumento de vagas nas faculdades de medicina seja visto como uma solução para a escassez de médicos, a comunidade médica argumenta que as escolas não estão preparadas para absorver esse número crescente de estudantes. 

Diante desse cenário, o diálogo entre governo e profissionais de saúde será crucial para definir os rumos do sistema de saúde da Coreia do Sul. Enquanto as medidas emergenciais tentam mitigar as falhas no curto prazo, a necessidade de uma solução a longo prazo continua evidente.

Foto Destaque: Membros da equipe médica se mudam em um grande hospital em Seul. Reprodução/Yonhap News

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