Coreia e Japão unem forças sobre queda livre da taxa de câmbio
Coreia e Japão sinalizam possível intervenção conjunta no mercado frente ao dólar
Os ministros das finanças de Coreia e Japão abordaram a recente queda de suas moedas em relação ao dólar nessa terça-feira, sinalizando uma intervenção no mercado. Tanto o “won” quanto o “iene” sofreram uma queda acentuada, levando as autoridades cambiais relevantes a intervir com avisos verbais.
Igualmente, o ministro coreano Choi Sang-mok, e o japonês, Suzuki Shunichi, “expressaram sua intenção de tomar medidas apropriadas contra movimentos excessivos [nas taxas de câmbio],” informou o Ministério da Economia e Finanças da Coreia em comunicado na quarta-feira (17).
Coreia e Japão alinham estratégias em resposta à queda acentuada das moedas, em reunião com o Ministro das Finanças Choi Sang-mok e Suzuki Shunichi. Reprodução/Yonhap
Ainda, no primeiro diálogo entre os dois desde assumirem o cargo, Choi e Suzuki “compartilharam sérias preocupações sobre a recente e significativa depreciação do iene japonês e do won coreano”. Segundo o comunicado do ministério, amplamente interpretado como uma intervenção verbal conjunta dos líderes econômicos dos países vizinhos.
A taxa de câmbio won-dólar atingiu a mínima de 17 meses, fechando em 1.395,30 won na terça-feira, e chegou a tocar brevemente a marca de 1.400 durante a negociação. Enquanto isso, a taxa de câmbio iene-dólar despencou para seu ponto mais fraco em 34 anos, ultrapassando a marca de 154 ienes. Ainda, na quarta-feira, a moeda coreana fechou em 1.386,80 em relação ao dólar, uma queda de 7,7 won em relação ao dia anterior.
Coreia e Japão movimentam taxas de câmbio
O governador do Banco da Coreia, Rhee Chang-yong, também observou que o movimento da taxa de câmbio “é um pouco excessivo, julgando pelo que poderia ser justificado pelos fundamentos de mercado”, durante uma entrevista à CNBC em Washington.
Citando “não apenas o dólar forte dos EUA, mas também a tensão geopolítica no Oriente Médio”, bem como “o enfraquecimento do iene e do yuan”. Rhee disse que “estamos prontos para implementar medidas de estabilização se a volatilidade continuar, e temos recursos e ferramentas suficientes para fazê-lo.”
A crescente tensão entre Irã e Israel tem impulsionado a demanda por moedas seguras, enquanto a economia dos EUA está fortalecendo ainda mais o dólar. Por outro lado, a taxa won-dólar ultrapassou a marca de 1.400 apenas em três ocasiões: a crise financeira asiática de 1997, a crise financeira de 2008 e a pós-pandemia de 2022.
No entanto, o risco pode não ser tão grave agora quanto nas situações anteriores que apresentaram uma violação do limite, sugerem analistas. Dado isso, alguns preveem que a recente depreciação da moeda possa beneficiar a Coreia em termos de exportações.
Favorecimento no setor de exportação
Embora os aumentos nas matérias-primas possam prejudicar o consumo doméstico e elevar os preços, a depreciação pode favorecer o setor de exportação com o aumento nos envios de chips.
Park Seung-young, analista da Hanwha Investment & Securities, também observou que “o balanço comercial da Coreia, que registrou um déficit de US$ 18,5 bilhões no quarto trimestre de 2022, ficou superavitário em US$ 9 bilhões no primeiro trimestre deste ano”. Indicando que a situação atual é diferente da de novembro de 2022.
Outrossim, ele acrescentou que “o consenso de mercado que antecipa performances aprimoradas por empresas voltadas para exportação se manterá forte se o won fraco refletir uma economia dos EUA robusta.”
O analista da Kiwoom Securities, disse na terça-feira que “a fórmula convencional de won fraco significa estrangeiros vendendo não está mais se sustentando”. Observando que os estrangeiros compraram cerca de 18 trilhões de won na bolsa Kospi este ano, enquanto a taxa subiu mais de 7 por cento.
Já os investidores estrangeiros, venderam líquido 944 bilhões de won de segunda a quarta-feira nos mercados Kospi e Kosdaq. Mas ao longo de abril como um todo, os estrangeiros compraram líquido 1,97 trilhão de won.
Foto destaque: Maços de notas de won sul-coreanos na sede do Banco da Coreia. Reprodução/SeongJoon Cho/Bloomberg