Coreia do Norte explode estradas de ligação intercoreana

Coreia do Norte explode trechos de estradas e ferrovias após acusações de espionagem e ameaças de retaliação militar

Em mais um sinal de deterioração das relações intercoreanas, a Coreia do Norte explodiu trechos de estradas que conectavam o país à Coreia do Sul nesta terça-feira (15), segundo autoridades sul-coreanas. As rotas afetadas, localizadas na costa leste e oeste, faziam parte das linhas Gyeongui e Donghae, que há anos estavam sem uso. As ações de Pyongyang ocorrem em um momento de intensas trocas de ameaças entre as duas nações, com acusações de espionagem e retaliações.


Transmissão da notícia em uma estação de trem, em Seul. Reprodução/Ahn Young-Joon/AP/via CBS News
Transmissão da notícia em uma estação de trem, em Seul. Reprodução/Ahn Young-Joon/AP/via CBS News

Nos últimos meses, a Coreia do Norte acusou o Sul de ter infiltrado drones em seu território para espalhar propaganda, o que foi considerado uma “grave provocação” por Pyongyang. Kim Yo Jong, irmã do líder norte-coreano Kim Jong Un, afirmou que o país possui provas das incursões sul-coreanas, e advertiu que qualquer novo ato similar poderia resultar em um ataque militar devastador contra o Sul.

A retórica de Pyongyang é clara: toda a Coreia do Sul pode ser transformada em “pilhas de cinzas” em uma eventual retaliação. Em resposta às explosões, a Coreia do Sul disparou tiros de alerta ao sul da linha de demarcação militar, embora não haja registros de danos. O Ministério da Unificação da Coreia do Sul condenou a destruição das estradas, classificando-a como uma medida regressiva que fere os acordos intercoreanos, enquanto o Exército sul-coreano reforçou sua postura de vigilância e prontidão em coordenação com os Estados Unidos.

Especialistas veem as demolições como um gesto simbólico que reflete a nova postura agressiva de Kim Jong Un. Desde janeiro, o líder norte-coreano declarou formalmente a Coreia do Sul como sua principal inimiga, abandonando a busca pela reunificação pacífica que seus antecessores haviam defendido. Observadores acreditam que Kim tenta reduzir a influência sul-coreana na disputa nuclear regional e fortalecer sua posição interna, em meio a uma crescente militarização e aliança com a Rússia.


Explosão intensifica a tensão entre as Coreias. Reprodução/Ministério de Defesa da Coreia do Sul
Explosão intensifica a tensão entre as Coreias. Reprodução/Ministério de Defesa da Coreia do Sul

A destruição das estradas e as ameaças de retaliação ocorrem em um momento de aumento das manobras militares conjuntas entre os EUA e a Coreia do Sul. Recentemente, o Norte acusou os dois países de planejar ataques contra seu território, especialmente após a chegada de ativos estratégicos norte-americanos, como bombardeiros de longo alcance e porta-aviões, à região.

O histórico de ações simbólicas do regime norte-coreano também inclui a demolição de um escritório de ligação construído pelo Sul em 2020 e a destruição de túneis em seu principal centro de testes nucleares em 2018. Agora, ao destruir fisicamente as estradas e ferrovias intercoreanas, o governo de Kim sinaliza que a reconciliação está fora de cogitação e que o conflito pode escalar a qualquer momento.

Em vídeos divulgados pelas autoridades sul-coreanas, é possível ver colunas de fumaça e movimentação de caminhões e escavadeiras norte-coreanos para remover os escombros. O ato é mais um passo na escalada de tensões entre os dois países. As autoridades sul-coreanas afirmam que estão monitorando de perto a situação, reforçando sua vigilância e mobilização militar e mantendo uma postura de prontidão, em cooperação com os Estados Unidos.

Foto destaque: Coreia do Norte explode estradas e ferrovias de ligação com o Sul. Reprodução/Ministério de Defesa da Coreia do Sul

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