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Aumento salarial de empresas é negociado no Japão

Durante a primavera deste ano, os aumentos salariais entre pequenas empresas entram em negociação no Japão

Com o intuito de obter um ciclo saudável de salários e preços, os políticos do Japão estão acompanhando de perto as negociações da primavera deste ano quanto ao aumento salarial das empresas.

Existe uma expectativa de que os salários das grandes empresas aumentem ainda mais este ano. Dessa forma, o foco está nas pequenas empresas, pois 70% dos trabalhadores japoneses estão empregados por elas.

O economista da Mizuho Research & Technologies, Tatsuhiko Nakanobu, disse: “As empresas de pequeno e médio porte empregam um número consideravelmente maior de trabalhadores (em comparação com as grandes empresas)… então, a tendência de aumento salarial nessas empresas será realmente importante para ver se a tendência de aumento salarial se espalhará por todo o Japão.

As negociações salariais da primavera do ano passado, conhecidas como shuntō, registraram um aumento salarial de 30 anos em resposta ao nível histórico de inflação. Assim, muitas empresas decidiram aumentar os salários para compensar o aumento dos preços.

De acordo com a Confederação Sindical Japonesa, comumente chamada de Rengo, seus sindicatos observaram um aumento salarial médio, na última primavera, de 3,58%.

Analisando os números pelo tamanho das empresas, pode-se ver que as grandes empresas, com 1000 ou mais funcionários, tiveram um aumento de 3,69%; já as com 100 a 299 pessoas, foi de 3,32%. Enquanto isso, para as empresas com menos de 100 trabalhadores, o aumento foi de 2,94%.


Tomoko Yoshino, presidente da Rengo, em um fórum em Tokyo./KYODO

Nakonobu ainda disse que, para empresas mais pequenas, aproximadamente 3% desse nível de aumento salarial foi considerado algo sólido. O economista também espera que entre as empresas de pequeno e médio porte haja um forte movimento para que ocorra, também, um aumento, superando o do ano passado.

É verdade que há vozes de empresas menores dizendo que têm passado por tempos difíceis, pois não tem sido fácil repassar os custos para os preços de seus produtos“, disse ele. “Porém, a tendência de grandes empresas aumentando salários mais do que no ano passado pressionará as empresas menores a seguir o exemplo“, continuou.

O presidente da Keidanren, a maior associação empresarial do Japão, Masakazu Tokura, destacou que as empresas membros da Keidanren aumentarão os salários “com ainda mais entusiasmo em comparação com o ano passado“.

Os aumentos na prática

Com tal movimento, algumas grandes empresas já declararam que seguirão com a tendência dos aumentos de salários.

Pode-se ver, como exemplo disso, a fabricante de bebidas Suntory Holdings que está planejando um aumento médio de 7% pelo segundo ano consecutivo. Dessa mesma maneira, a desenvolvedora imobiliária Mitsui Fudosan está supostamente buscando oferecer um aumento médio de 10%.

Comparando com o ano passado, a Rengo estabelece uma meta de aumento salarial maior para o shunto deste ano, sendo este de “5% ou mais”. Dessa forma, Nakanobu afirma que, provavelmente, isso incentivará os sindicatos de empresas pequenas e médias a exigirem aumentos mais altos, afirmou Nakanobu.

Entretanto, alguns levantamentos apontam que, talvez, seja difícil para as pequenas e médias empresas acompanharem o aumento salarial ofertado pelas empresas de maior porte.

Em uma pesquisa conjunta pelo Johnan Shinkin Bank e pelo Tokyo Shimbun envolvendo 832 empresas pequenas e médias neste mês, 34,6% responderam que não planejavam aumentar os salários, enquanto 27,3% disseram que sim. Já os 38,1% restantes estavam indecisos ou ainda não ofereceram uma resposta.

Em uma reunião com o primeiro-ministro Fumio Kishida e os representantes dos trabalhadores e empresas, Ken Kobayashi, presidente da Câmara de Comércio e Indústria do Japão, afirmou:”Não podemos dizer que o ímpeto de aumento salarial (entre empresas menores) é forte“.

Observa-se como as empresas menores enfrentam pressão dos clientes das grandes empresas para que mantenham os preços dos produtos baixos. Com isso, Kobayashi diz que é crucial a aceitação da prática de incorporar custos adicionais em tais preços.

O governo anunciou que lançará um painel interministerial para ajudar empresas menores que estão enfrentando dificuldades para refletir os custos em seus preços. Dessa forma, a administração Kishida se mostra ansiosa para apoiar empresas pequenas e médias a fim de manter o ímpeto de aumento salarial.

Foto destaque: encontro de empresa do Rengo em Tóquio na quinta-feira. /KYODO

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