Pesquisa com 245 desistentes menores de idade, expressa descontentamento com experiência acadêmica nas escolas
Está havendo um aumento na Coreia do Sul de desistentes escolares no ensino fundamental. Isso se deve principalmente por conta da insatisfação das crianças com as aulas e devido também as dificuldades para se ajustarem na escola. Em 2022, 19.415 estudantes do ensino fundamental abandonaram as escolas, um aumento de 18 pontos percentuais em comparação com 2017, que havia tido 16.422 desistências.
A diminuição da população em idade escolar do ensino fundamental, que caiu de 2,71 milhões em 2017 para 2,60 milhões em 2022, está causando um aumento alarmante na taxa de desistência nas escolas primárias. As taxas de desistência para alunos juniores (6º a 8º ano) e ensino médio não aumentaram de forma tão drástica quanto para seus colegas mais jovens.
A mãe de uma menina asmática, de 13 anos de Incheon com asma, tem educado sua filha em casa por dois anos. Com 11 anos, a criança estava na quarta série durante a pandemia de Covid-19 e sua mãe percebeu que enviar sua filha para a escola seria “sem sentido” devido ao problema respiratório da menina.
A asma a impedia de usar máscara por longos períodos, forçando-a a sair da escola todas as manhãs depois de mal terminar a primeira aula. Os alunos tinham que usar máscaras na sala de aula o tempo todo durante a pandemia. Perdendo a maioria de suas aulas, ela não conseguia fazer amigos.
A criança se acostumou a estudar sozinha, e sua mãe pensou que ela enfrentaria dificuldades em se juntar aos amigos se retornasse à escola. Uma vez que os grupos de amigos são formados, alunos novos acham difícil se enturmar. “Se não fosse pela pandemia de Covid-19, minha filha teria frequentado a escola normalmente”, disse a mãe da garota.
O Instituto de Pesquisa e Informação Educacional de Seul identificou o “aumento do mau ajustamento escolar” e a “qualidade insatisfatória da educação” como os principais impulsionadores do fenômeno. Em um relatório do ano passado, a instituição afiliada ao Escritório Metropolitano de Educação de Seul afirmou que um número maior de crianças em idade escolar decidiu “continuar seus estudos de forma proativa e se preparar para futuras carreiras fora da escola”.
Na pesquisa do instituto com 245 desistentes escolares menores de idade, incluindo cerca de 90 crianças em idade escolar primária, mais da metade expressou descontentamento com suas experiências acadêmicas nas escolas. Para eles, “trabalho escolar era desnecessário” e achavam que obter um diploma de equivalência geral seria mais eficiente.
Cerca de 40 entrevistados, o equivalente a 16,3% do total, afirmaram que “dificuldades psicológicas e físicas” foram os motivos que os levaram a deixar a escola. Em terceiro lugar, com 11,4%, ficaram “bullying escolar e conflitos com professores e colegas”. No entanto, deixar a escola não implica que os jovens desistentes encontrem ambientes educacionais alternativos de qualidade.
O Ministério de Gênero opera em centros educacionais em todo a Coreia, porém suas ofertas não são o suficiente para alcançar desistentes do ensino fundamental. A menina de 13 anos em Incheon frequentou os centros de apoio à juventude gerenciados pelo Ministério de Gênero para participar de um programa de mentoria. No entanto, ela não recebeu assistência acadêmica porque os programas dos centros eram destinados apenas a maiores de 15 anos. O centro informou que não dispunha de voluntários para ajudar desistentes do ensino fundamental.
“Os estudantes que vêm ao centro em busca de ajuda estão ficando mais jovens a cada dia”, disse Hwang Sang-hee, uma funcionária do centro localizado no distrito de Michuhol em Incheon. Ela ainda acrescentou e disse que se sente triste por não poder estender o serviço aos desistentes do ensino fundamental.
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Uma adolescente de 16 anos em Gyeonggi interrompeu seus estudos na escola após sofrer bullying no primário, para onde se transferiu no quinto ano, durante a pandemia de Covid-19. “É angustiante ver minha filha ficar em casa o dia todo e enfrentar a depressão”, disse a mãe.
A mãe desejava que sua filha frequentasse um centro de apoio à juventude para socializar. Porém, as oportunidades para ingressar eram poucas, pois, a maioria dos programas consistiam em treinamento profissional para pessoas com mais de 17 anos ou eram abertos por ordem de chegada.
A desistente de 16 anos esperava participar remotamente do programa do Ministério da Educação para desistentes do ensino fundamental e médio. No entanto, o formato de entrega presencial a impediu de participar. Em vez disso, ela tem feito aulas online pagas para se preparar para seu exame de diploma de equivalência geral.
Profissionais que auxiliam a população fora da escola nos centros de apoio destacam que a “falta de mão de obra” e os “orçamentos insuficientes” marginalizam os jovens desistentes. Além disso, é importante ressaltar que o Ministério de Gênero opera 222 centros em todo o país, mas conta com apenas 706 funcionários. Isso significa que, em média, cada centro conta com apenas 3,18 trabalhadores.
O orçamento anual dos centros aumentou de 18,4 bilhões de won (13,3 milhões) em 2020 para 22,6 bilhões de won em 2024. No entanto, esse valor não é suficiente para atender às diversas necessidades e demandas da crescente população fora da escola. No ano passado, os centros registraram uma diminuição no número de pessoas atendidas. Em 2019, 48.250 pessoas receberam assistência educacional nos centros, enquanto no ano passado esse número caiu para 38.329.
A situação em Seul é um pouco melhor do que em outras cidades. O escritório de educação da cidade oferece mais oportunidades de aprendizado inclusivo. Isso permite que desistentes do ensino fundamental aprendam língua coreana, estudos sociais e ciências nos cinco centros da cidade. Além disso, fornecem ferramentas e livros didáticos para os alunos que se preparam para o exame de diploma de equivalência geral do ensino fundamental.
“Atualmente, as crianças pequenas possuem fortes personalidades e não suportam os inconvenientes das atividades em grupo ou os sacrifícios e a paciência para com as comunidades”, disse a professora Park Myung-sook da Universidade Sangji.
Ela ressaltou que a sociedade polarizada aumenta o sentimento de alienação e depressão entre os jovens. Além disso, os estudantes têm dificuldade em encontrar significado nos estudos devido ao currículo focado na admissão na faculdade. Nesse contexto, a professora destacou a necessidade de fornecer recursos adequados aos centros de apoio. Essa medida ajudaria a evitar que os jovens fora da escola sejam expostos a ambientes perigosos.
O professor Chung Ick-joong da Universidade Ewha Womans solicitou a intervenção do Ministério da Educação, ressaltando a natureza compulsória da educação fundamental. Nesse sentido, ele argumentou que o Ministério da Educação deveria destinar uma parte de seu orçamento para jovens desistentes, em vez de deixar esses jovens aprendizes inteiramente sob responsabilidade do Ministério de Gênero.
Ele afirmou que o Ministério da Educação “deve destinar uma parte de seu orçamento para jovens desistentes”. Ao invés de deixar esses jovens aprendizes inteiramente sob responsabilidade do Ministério de Gênero.
Foto destaque: crianças sul-coreanas na escola. Reprodução/KoreaIN
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