Associação Médica Coreana destitui presidente após crise com médicos residentes
Destituição ocorre após críticas à gestão da greve de médicos residentes, que protestam contra aumento na cota de estudantes de medicina
A Associação Médica Coreana (KMA), maior entidade de representação dos médicos na Coreia do Sul, votou neste domingo (10), pela destituição de seu presidente, Lim Hyun-taek. A decisão vem em meio a uma série de polêmicas e uma greve prolongada de médicos em formação, que criticam a resposta do líder diante do impasse com o governo. Lim Hyun-taek assumiu a presidência da KMA em março, pouco depois que milhares de médicos residentes e estudantes de medicina iniciaram uma greve em protesto contra a decisão governamental de aumentar a cota de estudantes nas escolas de medicina.
Essa medida visa corrigir a escassez de médicos no país, adicionando cerca de 2.000 novos alunos por ano nas faculdades de medicina pelos próximos cinco anos. Desde o início, a postura de Lim gerou polêmica, ele enfrentou críticas por não se envolver ativamente na busca por uma solução e por declarações consideradas inadequadas sobre a crise no sistema de saúde. A decisão de destituir Lim foi aprovada após uma votação de confiança em uma assembleia de emergência convocada pela KMA, que também decidiu pela formação de um comitê de emergência.
Representantes do setor médico acreditam que a saída de Lim pode facilitar o diálogo com o governo e trazer esperança para uma resolução do conflito. Para substituir o presidente destituído, a KMA planeja realizar uma eleição suplementar nos próximos 60 dias. Paralelamente, o partido governista, Partido do Poder Popular, anunciou que lançará um comitê consultivo na segunda-feira, reunindo membros do governo, da oposição e médicos para discutir a situação da greve. No entanto, a KMA afirmou que não participará desse grupo consultivo, mantendo sua posição de autonomia nas negociações.
Park Dan, chefe do grupo de resposta emergencial que representa os profissionais da saúde em greve, manifestou apoio à destituição de Lim. Em uma postagem no Facebook, ele expressou otimismo, afirmando que “finalmente, tudo está no caminho certo”. Park tem defendido publicamente a saída de Lim, argumentando que o ex-presidente não representa os interesses dos médicos residentes e estudantes de medicina, os principais afetados pelo impasse. A decisão histórica da KMA reflete o momento crítico vivido pela área médica na Coreia do Sul.
Foto destaque: Corredor vazio em hospital reflete impacto da greve de profissionais da saúde no país. Reprodução/Yandex Imagens