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Academia. Reprodução/ Divulgação

Academia coreana proíbe entrada de “ajumma” e recebe críticas

O aviso de “Apenas mulheres cultas e elegantes permitidas” em uma academia coreana deixou diversos internautas revoltados 

Uma academia em Incheon, cidade coreana, está sendo alvo de críticas após colocar um aviso em suas instalações dizendo: “Ajumma não permitida”. Com a explicação: “Apenas mulheres cultas e elegantes permitidas”. De acordo com uma postagem no Blind, nesta segunda-feira (10), a academia também postou um aviso com oito critérios para diferenciar ajumma de “mulheres”, independente da idade ou estado civil. O Blind é plataforma de discussão online para funcionários

O aviso no local dizia que uma pessoa é considerada uma ajumma se: “gosta de coisas gratuitas, independentemente da idade”, “é insultdada em todos os lugares, mas não sabe o motivo”, “senta em um assento reservado para mulheres grávidas no transporte público”, “vai a um café com duas pessoas e pede apenas uma xícara de café e pede um copo para compartilhar“, “joga secretamente restos de comida em um banheiro público ou outros sanitários“, “é frugal com seu próprio dinheiro, mas não com o dos outros“, e “tem má memória e julgamento e repete as mesmas coisas várias vezes“. 


Aviso de “Ajumma não permitida” em academia coreana. Reprodução/ Divulgação/ Blind
Aviso de “Ajumma não permitida” em academia coreana. Reprodução/ Divulgação/ Blind

Resposta da academia

Sobre o assunto, o dono da academia alegou ter criado a “zona proibida para ajumma” por ter sofrido “grandes danos” causados por essas mulheres. Na postagem, o dono disse:”Algumas ‘ajumeoni’ trouxeram cestos de roupa suja para a academia e deixaram a água quente correndo por uma ou duas horas, o que dobrou a conta de água, e fizeram comentários sexualmente assediantes às jovens membros, dizendo que elas teriam filhos bem“, afirmou. 

O incidente veio à tona em meio ao crescimento da preocupação com manifestações públicas de intolerância e discriminação na sociedade sul-coreana. Atualmente, as “zonas proibidas para alguém” têm surgido e crescido consideravelmente na Coreia do Sul. Com isso, o debate sobre espaços internos que tentam proibir a entrada de certos grupos se intensificou.

Essa atitude é permitida?

Placa de "Proibido a crianças". Reprodução/ Divulgação
Placa de “Proibido a crianças”. Reprodução/ Divulgação

Segundo o Artigo 11 da Constituição: “não haverá discriminação na vida política, econômica, social ou cultural em razão de sexo, religião ou status social“. A Comissão Nacional de Direitos Humanos da Coreia do Sul (NHRCK) citou esta cláusula em 2017, durante a decisão de que “zonas proibidas para crianças” constituem atos de discriminação. Desse modo, são ilegais. 

Porém, a NHRCK carece de autoridade legal para impor a escolha sobre as empresas. Dessa forma, a decisão permanece sendo como apenas uma “recomendação”. Portanto, é legalmente possível para um proprietário de negócio, na Coreia do Sul, restringir alguns clientes baseado no princípio da liberdade de contrato. Assim como no princípio da autonomia privada. 

A Coreia do Sul e o Japão são os únicos países entre os membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que não possuem uma lei para prevenir a discriminação contra grupos ou indivíduos com base em sexo, deficiência, idade. Bem como raça, nacionalidade, identidade de gênero, orientação sexual, religião, opiniões políticas, entre outros. 


"O Guia Inicial da Ajumma". Reprodução/ Pinterest
“O Guia Inicial da Ajumma”. Reprodução/ Pinterest

Os termos

“Ajumma” é uma palavra coreana usada informalmente para se referir a uma mulher casada ou de meia-idade, equivalente a madame ou senhora. No entanto, o termo mudou de significado, adotando uma conotação pejorativa, com os coreanos até relutando em usá-las em situações públicas ou oficiais. Já “ajumeoni” é um termo mais formal para mulheres mais velhas. 

Foto destaque: Academia. Reprodução/ Divulgação

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