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A mania de mangá do vôlei no Japão inspira toda a população

Heróis dos quadrinhos continuam a inspirar meninos e meninas a jogarem vôlei olímpico no Japão, dizem os estudiosos

O vôlei masculino está em alta no Japão, tendo a seleção nacional classificada em 4º lugar no ranking mundial antes das Olimpíadas de Paris e com a popularidade crescente do esporte alimentada por um mangá de grande sucesso. “Haikyu!!”, traz a história de equipes de vôlei escolares com um herói inspirador determinado a superar as adversidades e sua baixa estatura. É sabido que vendeu 60 milhões de cópias desde seu lançamento em 2012.

O mangá foi transformado em um anime de sucesso, e agora lançaram em formato de filme  “Haikyu!!: The Dumpster Battle” já arrecadou 10 bilhões de ienes nas bilheterias japonesas e será lançado nos cinemas da América do Norte, neste mês. Masahiro Yanagida, que capitaneou a seleção nacional de 2018 a 2021, disse estar imensamente grato pelo fato de as façanhas da equipe fictícia terem ajudado a desencadear um aumento no número de pessoas jogando vôlei. “Eu tenho todos os volumes do mangá,” ele disse à AFP, recordou-se ainda de ficar “completamente viciado” nas representações “bastante realistas” do esporte.

Um pouco sobre a importância do vôlei no Japão e a inspiração em “Haikyu!!”

Então, após o rápido sucesso do mangá, o número de membros dos clubes de vôlei masculino no ensino médio saltou de 35.000 em 2012 para mais de 50.000 este ano, mostram os registros oficiais. Entre os alunos inspirados está Kaede Sakashita, de 10 anos, que se esforça para imitar o levantador de elite de “Haikyu!!” Atsumu Miya e seu passe baixo em um ginásio esportivo de Tóquio. “Ele é meu modelo”, disse Sakashita, outro aluno, membro do clube de vôlei júnior Sugiichi de Tóquio.

Contudo, o fandom do mangá vai além dos meninos, antes citados. Para Nanami Fujiki, de 22 anos, o mangá despertou seu amor pelo esporte. “Eu não tinha nenhum interesse antes… Eu nem sabia as regras”, ela disse à AFP em uma loja pop-up vendendo produtos de “Haikyu!!”. “Mas agora, graças à série, posso aproveitar as partidas reais de uma maneira que nunca fiz antes”, completou ela. Por isso, é importante e representativo saber que a atual seleção tem um eco dos quadrinhos na vida real.


Jogadoras da seleção feminina assim comemorando. Reprodução/GoogleImages

Continuando a falar da atual seleção de vôlei, destacamos Ran Takahashi, um jovem de 22 anos extremamente popular que joga na principal liga da Itália. Apesar de não ser alto para os padrões do vôlei, o atacante de 1,88 metro surpreendeu o mundo no ano passado com um ataque giratório de costas para a rede, exatamente como um personagem de “Haikyu!!”. “Graças talvez a ‘Haikyu!!’, sinto que as jogadas visualmente cativantes do vôlei japonês estão atraindo cada vez mais espectadores em todo o mundo”, disse Takahashi à AFP.

É importante destacar que os dias de glória japoneses datam de mais de meio século. Portanto, a equipe feminina “Bruxas Orientais” derrotou a União Soviética para ganhar o ouro nas Olimpíadas de Tóquio de 1964. Sendo seguida pelo “Milagre de Munique” da equipe masculina, que ganhou a medalha de ouro em 1972. Vale ressaltar que, as mulheres se saíram melhor desde então, ganhando o bronze nas Olimpíadas de Londres de 2012, embora ainda não tenham se classificado para Paris.

Ainda mais informações sobre o vôlei no Japão

“Os homens, por outro lado, estagnaram por anos”, disse o porta-voz da Associação de Voleibol do Japão, Naohiro Kakitani. O ponto de virada veio com jogadores como Takahashi e Yuki Ishikawa, de 28 anos, ingressando na principal liga da Itália, junto com a transformação da equipe desde a chegada do técnico francês Philippe Blain em 2017, acrescentou Kakitani. Em 2023,  a equipe de Blain terminou em terceiro lugar na Liga das Nações de Vôlei, a primeira medalha masculina em um torneio internacional importante em 46 anos. “Eles agora estão em um nível totalmente diferente, que eu nunca teria imaginado no nosso tempo”, disse Yanagida, jogador de vôlei da seleção japonesa.


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Jogador da seleção do Japão no meio de um jogo. reprodução/GoogleImages

O esporte ainda enfrenta desafios, há críticos que apontam para a baixa lucratividade da V.League, a liga de alto nível do Japão. A liga apresenta muitas equipes patrocinadas por empresas e os jogadores não dependem do vôlei para viver, revelou Yanagida. E por isso, o atual clube do jogador “Tokyo Great Bears” vem quebrando o molde atual que o vôlei japonês se encontra. O time veste uniformes rosa, ou seja, estão ativamente abandonando a imagem mais agressiva e machista associada, frequentemente, aos jogadores masculinos.

Essa abordagem, ajudou o “Tokyo Great Bears” a atrair as maiores multidões na divisão masculina por dois anos consecutivos. “Queríamos provar que o vôlei pode atrair multidões”, disse Kubota, presidente do clube. É uma mentalidade que também ressoa com Takahashi, que se dispõe a ser garoto-propaganda do vôlei, modelando e cantando no YouTube. E ele ainda destaca que quer fazer do vôlei um esporte com o qual as crianças possam sonhar.

Foto destaque: Pessoas tiram selfies em uma loja pop-up da série japonesa de mangá de vôlei “Haikyu!!” em Tóquio . Reprodução/AFP

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